Todas as minhas fontes vêm de ti As nascentes E amo-te com a constância do moribundo que respira Já sem saber de que lado o visita a morte Procuro a ligação entre ti e a luz muito miudinha depois dos temporais Entre a luz e os estilhaços nas ruas bombardeadas Desconheço o colar onde unes tudo Procuro entender como é que moldas Os meus pés ao equilíbrio que os desloca no chão Sei que és tu que me levantas Que remendas o meu corpo cada dia Em ti encontro a pulsação Que rebenta - uma artéria como nunca Tinha jorrado. Cratera onde durmo Recluso, árvore à chuva Em dificuldade extrema De respiração Ponho a cabeça entre os ramos, lanço os braços para fora Como um pássaro entre um bando De disparos Tu moves as agulhas, tu unes de novo As minhas asas à curva do céu Daniel Faria
Há três espécies de homens: os vivos, os mortos e os que andam no mar. (Platão)