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Deus manifesta-se em Jesus que nasce. Mas a grande questão é: Como se reconhece? Como se reconhece a passagem de Deus pela nossa história? Como se reconhece a sua epifania quotidiana? Com que gramática, de que forma ou com que guia podemos reconhecer a fantástica presença de Deus na nossa vida? Porque Ele está. Fez-se vizinho à nossa carne. A nós é que nos falta a capacidade de reconhecê-lo.

Herodes, por exemplo, estava melhor colocado do que os magos para saber que tinha nascido o rei dos judeus. E, contudo, não sabia de nada. Aconteceu uma coisa grandiosa no seu reino que ele não foi capaz de enxergar. Ele tinha os sábios da sua corte e a Escritura que dizia: «O Messias vai nascer em Belém». O que é que lhe faltava? Tinha todos os referentes, toda a sabedoria, todo o conhecimento, mas Jesus nasceu e ele não soube. Essa notícia foi-lhe dada por estranhos vindos de longe.

O que é que faltava a Herodes e o que é que nos falta a nós? Perguntemo-lo com franqueza. Falta-nos atenção. A atenção como tarefa espiritual primeira. A atenção como essa pobreza que têm aqueles que esperam, aqueles que habitam a iminência, os que percebem que cada instante não é apenas o tempo que corre, mas é o limiar de uma revelação.




José Tolentino Mendonça 
In O pequeno caminho das grandes perguntas, ed. Quetzal 
Publicado em 03.01.2018

http://www.snpcultura.org/o_que_falta_para_reconhecer_passagem_Deus_na_nossa_historia.html

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