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Numa carta que amanhã seguirá para Lisboa


Taizé não é uma morada perdida no mapa, não existe num tempo criado para cada um de nós, não é um mundo sem realidades. É uma tentação pensá-lo. Fazer de Taizé um oásis sem desertos por perto é quase como que a negação da vida de cada um: vivida e sofrida. Tu (Nós) não queres apenas voltar a Taizé, queres voltar à calma paradoxal que Taizé te traz, à oportunidade sempre à espera de encontro, à sede saciada, às chagas curadas, ao lago aparentemente imperturbável a qualquer brisa ou sombra que o ameace, ao silêncio que grita, à interioridade que não se cala, ao tempo desfeito de tempo... Queres voltar a Taizé e ao que Taizé te traz. Faz-te peregrino. Leva a tua vida até Taizé, mas traz Taizé para a tua vida. "Todo o caminho é de regresso", a maior viagem das nossas vidas é sempre aquela que fazemos até às nossas casas. Custa, mas (quase) tudo aquilo que custa vale a pena, nem que seja um pouquito. E as nossas casas, aquilo que é nosso, porque nos foi dado e não porque o tenhamos conquistado, valem sempre a pena.

Taizé não é uma morada desde o dia em que começa a morar em nós. É este o verdadeiro encanto (e desafio) de Taizé.


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