Ficar até ao fim, por amor, mesmo quando doer. Enterrar esta pequenina foi das coisas mais difíceis que fiz. Não doi só po-la dentro dum saco, cavar o buraco, cobri-la com terra, procurar-lhe flores. Não doi só porque aqui quase não há flores. Não doi só abraçar a avó e o pai, não doi só chorar com eles. Não doi só ela ser criança e nem sequer ser suposto as crianças morrerem. Não doi só porque as crianças deviam só viver, brincar, crescer, ir à escola e apanhar elas flores. Não doi só perde-la, não doi só a morte, não doi só ser para sempre. Não doi só por conhece-la, por saber-lhe o nome, o rosto, a história de vida que carrega no coração. Isso doi, muito, mas não é só isso que doi. Doi perceber que estas coisas continuam a acontecer todos os dias e continuamos a perde-los e a cavar buracos todos os dias porque a guerra nos países deles não nos tira a paz a cada um de nós. Porque o caminho que fazem, a fugir, não nos cansa. Porque o medo que sentem não nos assusta nem nos t...