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Quando perdemos tudo, podemos sentir-nos reduzidos a cinzas. E essas cinzas, parecendo nada, podem, afinal, revelar a essência do que somos - que é algo que vai para lá do nosso corpo, posses, relações, para lá daquilo que possamos ter ou fazer. Quando sentimos perder tudo, além da dor da perda, recebemos uma luz incisiva que nos revela algo de precioso sobre nós mesmos: podemos estar muito perto de nos ligar com o essencial. E quando, finalmente, nos ligamos ao essencial já não temos nada a perder: nada tememos; passamos a viver levados nas asas da providência.

João Delicado
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