Aqui há tempos, num blogue
"dedicado à poesia", vi-me
deste modo referido:
Rui Pires Cabral (1967- )
e confesso que a lacuna
no parêntesis me causou certa
impressão. Como os aborígenes
do Outback australiano
que não vêem as estrelas
mas o espaço negro entre elas,
também eu, por um instante,
nada mais vi no ecrã que esse
vazio. Porque era, na verdade,
a minha morte que ali estava,
na zelosa antecedência
de um gravador de lápides
virtuais. Não ignoro, claro está,
que o meu dia há-de chegar
(ou melhor, a minha noite),
mas não deixa de ser estranho
ver que alguém, algures na rede
(e enquanto eu me desunho
para me manter à tona,
nos versos como na vida),
já previne, calmamente,
aquela segunda data
que há-de preencher o hiato
e completar o registo.
Rui Pires Cabral
"dedicado à poesia", vi-me
deste modo referido:
Rui Pires Cabral (1967- )
e confesso que a lacuna
no parêntesis me causou certa
impressão. Como os aborígenes
do Outback australiano
que não vêem as estrelas
mas o espaço negro entre elas,
também eu, por um instante,
nada mais vi no ecrã que esse
vazio. Porque era, na verdade,
a minha morte que ali estava,
na zelosa antecedência
de um gravador de lápides
virtuais. Não ignoro, claro está,
que o meu dia há-de chegar
(ou melhor, a minha noite),
mas não deixa de ser estranho
ver que alguém, algures na rede
(e enquanto eu me desunho
para me manter à tona,
nos versos como na vida),
já previne, calmamente,
aquela segunda data
que há-de preencher o hiato
e completar o registo.
Rui Pires Cabral
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