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Sobes a um miradouro para ver tudo isto:
talvez a cidade não seja assim tão branca
mas também ocre e rosa e amarelo torrado,

e gostes mais das ruas ao vê-las de cima,
no seu desenho, e penses que o rio é mais
azul quando surge ao fundo de uma rua,

por entre as casas, e não assim, completo,
e talvez vejas parques e igrejas
que respiram a pequena azáfama diurna,

e talvez nascer aqui tenha sido um acidente,
e não guardes um vínculo mas uma afeição
que nasce do hábito e da tranquilidade,

e descubras que és um estranho entre as gentes
(não conheces mais de um terço
do que vês e chamas-lhe a tua cidade).

Ainda assim sabes que há outros miradouros
e que as pessoas aí também não olham para a cidade
mas umas para as outras. Umas para as outras.

Umas para as outras.




Pedro Mexia

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