Esta é a diferença: não preciso de “procurar” a vergonha pública, mas preciso de assumi-la e integrá-la no meu caminho. Preciso de me reconhecer a cada momento imensamente frágil, imensamente necessitada de ajuda e dos outros, imensamente dependente de Deus. Sem parar aí, antes construindo a partir daí.
Talvez eu seja O sonho de mim mesma. Criatura-ninguém Espelhismo de outra Tão em sigilo e extrema Tão sem medida Densa e clandestina Que a bem da vida A carne se fez sombra. Talvez eu seja tu mesmo Tua soberba e afronta. E o retrato De muitas inalcançáveis Coisas mortas. Talvez não seja. E ínfima, tangente Aspire indefinida Um infinito de sonhos E de vidas. HILDA HILST Cantares de perda e predileção, 1983
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