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Vai cheio de noite e de luar.

Deixem passar quem vai na sua estrada
Deixem passar
Quem vai cheio de noite e de luar.
Deixem passar e não lhe digam nada.
Deixem, que vai apenas
Beber água de Sonho a qualquer fonte;
Ou colher açucenas
A um jardim que ele lá sabe, ali defronte.
Vem da terra de todos, onde mora
E onde volta depois de amanhecer
Deixem-no pois passar, agora
Que vai cheio de noite e solidão.
Que vai
Uma estrela no chão.

MIGUEL TORGA, in DIÁRIO I (Ed. do Autor, Coimbra, 1943)

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