Quando me pedem para falar da Santíssima Trindade lembro-me sempre de uma oração de Santa Catarina de Sena em que ela diz que a Santíssima Trindade é “um mar sem fundo, mais eu mergulho mais eu me afundo”.
Porque a dificuldade não está em acreditar mas sim em explicar. Conhecemos a famosa história de Santo Agostinho na praia do Porto de Óstia a meditar no mistério da Santíssima Trindade, que apesar de o menino lhe ter dito que era mais fácil meter a água do oceano numa cova que ele perceber o mistério da Santíssima Trindade, não impediu que ele escrevesse dois grossos volumes sobre o tema.
Mas alguma coisa podemos dizer a partir do que experimentamos na fé. E o que experimentamos? A profunda relação de Deus com a humanidade, com cada um de nós. Um Deus que se revela, ou seja, que se dá. Todos fazemos esta experiência, por exemplo, numa relação de amizade: à medida que nos vamos dando (revelando) mais profunda e forte se torna essa relação.
Assim também com Deus. Mais saberemos de Deus quanto mais profunda e forte for a nossa relação com Ele. Por isso, para com Deus não podemos ir com arrogâncias mas sim assumir a atitude de Moisés, que escutámos na primeira leitura: atitude de humildade, que um dos dons do Espírito Santo: o temor de Deus. Não é medo de Deus mas reconhecer que Ele é o nosso Deus e nós o devemos adorar em espírito e verdade.
Esta revelação de Deus encontramo-la na conclusão da segunda leitura de hoje e que muitas vezes usamos na saudação inicial da Missa: A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo. Além de ser uma forma bonita de terminar uma carta, diz-nos o essencial da Santíssima Trindade: Que de Deus Pai vem e experimentamos o amor, de Jesus Cristo vem e recebemos a graça, os dons de Deus, e do Espírito Santo vem e recebemos o espírito de comunhão e de unidade.
Celebrar a Santíssima Trindade é afirmar a nossa fé em Deus, na Igreja, dom do Espírito Santo, acolher os dons e as graças que Jesus nos dá em abundância para que, na Igreja e na nossa vida frutifiquem e manifestem a presença de Deus no mundo.
Percebemos, então, que a Teologia é importante para delimitar em termos racionais quem é Deus mas mais importante é a experiência de Deus que cada um de nós vai fazendo, certamente na Igreja, onde está o depósito da fé e onde a celebração dos sacramentos fortalece e aprofunda a nossa relação com Deus.
São Tomás de Aquino, que também escreveu um tratado sobre a Santíssima Trindade, dizia que a Teologia faz-se de joelhos. Jesus, no Evangelho de Mateus, depois de muito ter falado aos discípulos e de ter visto que eles começavam a compreender alguma coisa sobre o Reino de Deus exultou numa oração a Deus: “Eu te bendigo, ó Pai, criador do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelastes aos pequeninos; porque isso foi do teu agrado”.
http://aliistradere.blogspot.pt/2014/06/homilia-da-solenidade-da-santissima.html
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