Ía começar a reler os “Contos”, de Vergílio Ferreira. Então apanhei este primeiro parágrafo do primeiro conto (“Adeus”), e fiquei ali, preso ao génio e à perfeição. Às palavras todas ditas sem falta nem excesso. Vejam só:
“Não lhe pedi que viesse. Pedi-lhe só que às dez da noite, e pela última vez, a sua lembrança me esperasse ao caminho. Cheguei cedo e sentei-me. Quando soasse a hora, eu queria senti-la ao pé de mim, não bem no seu corpo, não bem nas suas palavras, mas apenas naquele sossego azul que tornava o mundo perfeito. No momento combinado, eu havia de respirar o sonho de quando não sabia que era sonho”.
"Sossego azul"? Depois de ler isto, dei por encerrada a noite de leitura. Não faltava já nada.
http://pedroroloduarte.blogs.sapo.pt/a-sua-lembranca-me-esperasse-ao-394246
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