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Viver a fé exige poesia.

Viver a fé exige poesia. Parece-me que ser homem ou mulher de fé implica entranhar na beleza de pequenos nadas, do quotidiano, em conjunto com a brutalidade dos acontecimentos locais e universais. A bomba que cai em sítios longínquos estilhaça em ecos nas nossas vidas, tanto pela ignorância, como pela dor provocada nos gritos ensurdecidos das crianças, de cá e de lá. E o sol insiste em nascer, tal como a chuva cair, sobre cada ser humano. Quem vive fé, deixa-se entranhar por esse sentir da Vida que não se cansa de nos anunciar Paz, a começar em cada coração. É uma aventura tremenda, de nos pormos diante de Deus, silenciando e escutando o pulsar que nos ajuda a encontrar a cura das feridas da memória e, assim, empurrar à Vida maior. É preciso dar-se tempo, voltando à peregrinação de terra batida, onde os passos são dados à medida da necessidade dessa escuta. Em paragens de se dar conta do aqui e do agora, sem angústias de passado, nem ânsias de futuro. Que posso fazer? Que posso, realmente, fazer? A fé ganha corpo, nesse gesto por quem tantas vezes se desdenha, julga mal, esquece… e cá, no quarto ao lado, na porta da frente, no prédio da rua de trás. E o bem concreto que promovo, aqui perto, nesse amor ao próximo nada abstracto, espalha-se até longe. O coração de carne, pela fé em Deus feito Humanidade, ama pessoas, ajudando-as a ser mais humanas.

Pe. Paulo, sj

http://oinsecto.blogspot.pt/2016/11/viver-fe.html

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