A espécie de clausura que a violência põe em torno destes meninos e o resto mundo não lhes dá um ar infeliz. Eles sorriem e isso perturba-me. Inquieta-me a intolerância transformada em ênfase. O outro transformado em ameaça. Os factos arredondados de modo a que entrem numa narrativa preestabelecida. E eles sorriem. Esta imagem que mostra a banalidade da violência obscurece-me o dia, contém mais solidão do que a que quero ver.
Talvez eu seja O sonho de mim mesma. Criatura-ninguém Espelhismo de outra Tão em sigilo e extrema Tão sem medida Densa e clandestina Que a bem da vida A carne se fez sombra. Talvez eu seja tu mesmo Tua soberba e afronta. E o retrato De muitas inalcançáveis Coisas mortas. Talvez não seja. E ínfima, tangente Aspire indefinida Um infinito de sonhos E de vidas. HILDA HILST Cantares de perda e predileção, 1983
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