Sentíamo-nos estafados. Tínhamos que erguer muito os joelhos para desenterrar os pés. Iria chegar tarde ao doente. Mais uma vez me atormentava não o ter continuamente debaixo de vigilância. Cada doente em perigo era uma razão de angústia: desejaria colocar-me no seu lugar, chamar a mim o seu sofrimento, para reagir com alma contra a doença; desejaria vê-lo ao meu lado, dia e noite. O doente do hospital era um caso clínico, uma cama numerada; cá fora, no meio familiar, era uma coisa humana, que nos dizia intimamente respeito, que dependia de nós e nós dele.
In: Fernando NAMORA, Retalhos da Vida de Um Médico (p.64). Lisboa: Editorial Inquérito. 1949.
In: Fernando NAMORA, Retalhos da Vida de Um Médico (p.64). Lisboa: Editorial Inquérito. 1949.
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