"Deus é uma palavra perigosa. Quando dizemos "deus" que imaginamos? Qualquer coisa de aumentado, mas a medida-padrão é nossa. Só fazemos caricaturas.
"Omnipotência" é uma palavra mais que perigosa, é enganadora. Há tantas coisas que Deus não pode. Não pode ir contra a sua criação, não pode pôr as laranjeiras a dar azeitonas; não pode abusar da liberdade dos seus filhos, nem evitar todas as desgraças; não pode fazer a quadratura do círculo e não pode resolver todos os nossos problemas, sobretudo à nossa maneira; não pode deixar de amar todos e cada um, e isso - a nosso ver - deixa-o muitas vezes de mãos atadas... Deus-Omnimpotente é um sonho que temos de um super-ministro das obras públicas, que põe toda a vida em auto-estradas sem risco, ou de um super-112 a que basta ligar para resolver tanta dor, tanta injustiça. O 112 divino está impedido e as estradas são que se vê...
Mas há amigos que não nos arranjam emprego, nem nos curam as doenças, mas choram connosco - impotentes - e, não nos deixam sós a procurar saída. E isso tem uma potência!... Eu creio numa mão que ora me levanta, ora não me deixa cair, mas os tropeços continuam todos aí. Creio numa palavra amiga omnipresente.
Jesus não veio resolver. Não podia. Podia mostrar-se incapaz e, por isso, podia ser caminho para quem não pode, através do mal. O amor não pode tudo, pode com tudo. Deus é Amor, omnipotência em amor.
Os pagãos sonharam seres divinos omnipresentes, capazes de fazer sol e chuva... Veio um Jesus pobre e sem poder para nos fazer saborear o sol e a chuva...para poder com o sol e com a chuva. Sempre que nós homens quisemos poderes omnipotentes, construímos tiranos que se viraram contra nós. Deus não pode virar-se contra nós, omni(im)potência todo-poderosa: só pode rir connosco, chorar connosco. Deus não elimina a desgraça, vem dizer-nos que há Graça e que ela está à mão. Não resolve os problemas deste mundo, castigando-nos com o paraíso na terra! Vem oferecer-nos outro mundo que já nasce com o desfazer deste.
Aliás, como poderíamos saborear a graça sem a a experiência da desgraça?
O OLHAR E O VER,
À procura do lado construtivo da vida e do por dentro de todas as coisas.
Pe. Vasco Pinto de Magalhães, sj
"Omnipotência" é uma palavra mais que perigosa, é enganadora. Há tantas coisas que Deus não pode. Não pode ir contra a sua criação, não pode pôr as laranjeiras a dar azeitonas; não pode abusar da liberdade dos seus filhos, nem evitar todas as desgraças; não pode fazer a quadratura do círculo e não pode resolver todos os nossos problemas, sobretudo à nossa maneira; não pode deixar de amar todos e cada um, e isso - a nosso ver - deixa-o muitas vezes de mãos atadas... Deus-Omnimpotente é um sonho que temos de um super-ministro das obras públicas, que põe toda a vida em auto-estradas sem risco, ou de um super-112 a que basta ligar para resolver tanta dor, tanta injustiça. O 112 divino está impedido e as estradas são que se vê...
Mas há amigos que não nos arranjam emprego, nem nos curam as doenças, mas choram connosco - impotentes - e, não nos deixam sós a procurar saída. E isso tem uma potência!... Eu creio numa mão que ora me levanta, ora não me deixa cair, mas os tropeços continuam todos aí. Creio numa palavra amiga omnipresente.
Jesus não veio resolver. Não podia. Podia mostrar-se incapaz e, por isso, podia ser caminho para quem não pode, através do mal. O amor não pode tudo, pode com tudo. Deus é Amor, omnipotência em amor.
Os pagãos sonharam seres divinos omnipresentes, capazes de fazer sol e chuva... Veio um Jesus pobre e sem poder para nos fazer saborear o sol e a chuva...para poder com o sol e com a chuva. Sempre que nós homens quisemos poderes omnipotentes, construímos tiranos que se viraram contra nós. Deus não pode virar-se contra nós, omni(im)potência todo-poderosa: só pode rir connosco, chorar connosco. Deus não elimina a desgraça, vem dizer-nos que há Graça e que ela está à mão. Não resolve os problemas deste mundo, castigando-nos com o paraíso na terra! Vem oferecer-nos outro mundo que já nasce com o desfazer deste.
Aliás, como poderíamos saborear a graça sem a a experiência da desgraça?
O OLHAR E O VER,
À procura do lado construtivo da vida e do por dentro de todas as coisas.
Pe. Vasco Pinto de Magalhães, sj
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