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O Poeta e o Matemático

Era uma vez um poeta e um matemático.

O poeta vivia encantado com o pôr do Sol e comovia-se com o estuar da Lua e das estrelas. Buscava pôr em palavras os matizes das cores todas e o cheiro das nuvens e o som da infância. Procurava aquela última palavra, que explicasse e contivesse toda a beleza e toda a loucura da beleza.

O matemático perdia-se de amores por equações cúbicas e teoremas e conjecturas. Gastava dias a fio em demonstrações impossíveis e nesses dias só tinha por amigos os números imaginários. Procurava aquele derradeiro número, que lhe contasse todas as histórias do universo.

Certo dia, disse o poeta ao matemático:
— Tu não podes escrever um algoritmo sobre mim, mas eu vou escrever um poema sobre ti.

José Maria Archer 
01.04.2013


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