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Na grandeza e no drama deste exercício afetivo e efetivo de se ser humano, pressentimos melhor o húmus indispensável daquilo que ousamos chamar vocação divina - a alegre sintonia entre o apelo e a resposta, a benção de uma bendizente e a grandeza de poder corresponder, o apreço reconhecido e disposição a pagar um preço, gerando uma fisionomia humana única. A voz divina, que interpela a decisão humana, tem, nos ritmos e nos lugares que se vive, a graça e o custo da existência, a sua caixa de ressonância mais elementar e o seu palco quotidiano. É aí que poderá ser escutada e correspondida. A relação com a alteridade divina que me atrai e me implica, com tudo o que ela sempre tem de fascinante e tremendo, joga-se no espaço vital da consciência que temos de nós próprios como corpo sensível e relacional, na exposição quotidiana às possibilidades e dramas da liberdade. Por isso, e antes de mais, com o apelo divino, joga-se uma altíssima exposição e competência humanas. Para nos implicar, Deus não implicaria menos do que a totalidade do que somo - corpo, afeto, desejos, inteligência, liberdade, imaginação, vontade - e não nos pediria menos do que começarmos por ser realmente humanos. E já seria tanto, talvez quase tudo, se o fôssemos.

a fé vive de afeto
José Frazão Correia, sj

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