2011/12/05
Patrícia Oliveira
Ainda não dei vida à árvore de Natal, este ano. Ainda não montei o presépio. Ainda não... Seria razão para me perguntar, então: “Mas, estás à espera do quê?”.
É uma palavra de que gosto muito, esta de “esperar”. Eu, que nunca tenho paciência para que algo que demore venha ao meu encontro, eu que antecipo tudo ao ínfimo pormenor, para que nada me escape – e escapa sempre. Logo eu, que não sei esperar por mim própria.
Um tempo de espera será sempre aquele em que se constrói, em que as expectativas se apoderam de nós, em que o desejo se torna por vezes mistério. Há, contudo, dois tipos de espera que se dividem pelo que já conhecemos e pelo que se revela completamente surpresa. É assim que vivo o Advento. Fazendo dele peregrinação, tornando-me até peregrina de mim própria. Fazendo dele tempo de encontro e tempo de descoberta. Em que me questiono, em que (re)educo o olhar, em que sinto inevitavelmente falta de um (re)nascimento. Esperar, então, algo que me falta, não é senão ter a alegria e o sentimento pleno, no momento em que o obtenho, de ter feito caminho. Um caminho que é, muitas vezes, conversão.
Neste tempo de espera em que vou deixando Deus intrometer-se pelas minhas coisas, em que vou deixando que me toque, aprendo a ser surpreendida. Aprendo que, por vezes, aquilo que tenho para vida não é tão bom como aquilo que a Vida tem para mim. Porque eu não espero. Porque não sei dar tempo ao meu olhar, nem tempo aos outros para olharem.
Neste tempo de espera, no conhecimento do Amor do Pai e na surpresa de que descubro, numa nova vi(n)da, forma de ser amada, sempre de novo, aprendo apenas a esperar.
Não que me caia do céu.
Mas que o céu caia em mim.
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