A coisa que mais me assusta é que não sabemos o que é que eles viram, o que eles viveram, o que eles perderam. Não sabemos quão magoados estão, quão dolorosas são as feridas. Não sabemos quanto dói mas sabemos que dói. E isso torna o amor mesmo mágico e transformador num sítio como este. Porque é essa a nossa missão: vê-los através da dor, da revolta, vê-los. Lembrar-lhes da esperança, do amor, de que o mundo ainda é um sítio bom.
E pode parecer mesmo ingénuo mas eu sei que a missão é o amor. E tenho a certeza que daqui a muitos anos eles se calhar não se vão lembrar dos nossos nomes, das nossas caras, dos nossos coletes a dizer Portugal, do nome RSP, mas tenho a certeza que se vão lembrar que algures em Lesbos, algures em Kara Tepe, algures no Silver Bay, houve alguém, não importa quem, que os viu, como pessoas, como vidas, alguém que os viu mesmo e que os amou.
Lokas, em Lesbos
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