[…] Estarei ainda longe de Ti, quem quer que sejas ou eu seja? Cresce a noite à minha volta, terei palavras para falar-Te? E compreenderás Tu este, não sei qual de nós, que procura a Tua face entre as sombras? Quando eu me calar sabei que estarei diante de uma coisa imensa. E que esta é a minha voz, o que no fundo de isto se escuta. Manuel António Pina, Nenhum Sítio (1984) |
Talvez eu seja O sonho de mim mesma. Criatura-ninguém Espelhismo de outra Tão em sigilo e extrema Tão sem medida Densa e clandestina Que a bem da vida A carne se fez sombra. Talvez eu seja tu mesmo Tua soberba e afronta. E o retrato De muitas inalcançáveis Coisas mortas. Talvez não seja. E ínfima, tangente Aspire indefinida Um infinito de sonhos E de vidas. HILDA HILST Cantares de perda e predileção, 1983
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