1. Hoje é dia 24 de Dezembro. Faz aí uns dez dias, fui a Valadares, por sinal terra do meu avô paterno. Durante muitos anos, pela mão de meu pai, ia regularmente a Valadares, à Rua das Pedreiras, que era perto e bom caminho. De resto, algures pelo fim do secundário e início da universidade, por lá passei jornadas de grande intensidade, com as glórias, os terrores e as aventuras de que fala o cantor. Tenho lá amigos, daqueles maiores, que, mesmo quando os vemos pouco ou até quase nada, viajam sempre connosco – e é sabido que viajo muito. Mas nesse dia fui a Valadares fazer algo que faço de quando em vez: falar com Anselmo Borges, o padre, o filósofo, o teólogo, o professor e o amigo. Estive por lá pouco menos que um par de horas e, em quinze ou vinte minutos, regressei a casa. Regressei a casa a pensar, a pensar em Deus. 2. A conversa andou, por certa altura, em redor de duas das leituras do passado domingo – o quarto do Advento na liturgia católica –, que prenuncia e prescreve que o no...