Este princípio, de que há uma fonte de luz (de conhecimento, de sabedoria, de Deus, do que quiserem) exterior a nós, leva-nos a um dos primeiros princípios da humanidade: o da concórdia do ethos, que a todos ilumina por igual. Ao contrário do relativismo moral, onde se parte do eu para um todo desarmónico, neste parte-se de um todo harmónico para o eu.
E só este princípio nos conduz, à segunda condição de humanidade (no sentido em que se opõe à animalidade): o da tolerância. Apenas sabendo que há, exteriormente, uma fonte de luz que gravou algo em todos nós, mas da qual não sabemos ao certo o que é, onde se encontra ou pode encontrar-se, apenas assim é possível a tolerância e a universalidade na relação com o outro, Como se vivêssemos num círculo, cujo centro desconhecêssemos ou nos cegasse, obrigando-nos a reconhecer racionalmente que o outro, mesmo estando na posição oposta à nossa, pode estar mais perto desse centro que é a verdade.
Isto, caro Manuel, não é sobretudo hermético nem metafísico. É, sobretudo, profundamente humano.
http://www.escreveretriste.com/2012/12/eu-podia-ser-da-religiao-dele/
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