"Entretanto, Maria estava da parte de fora do sepulcro a chorar. Enquanto chorava, inclinou-se para o sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados no lugar onde fora posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Eles disseram-lhe: «Mulher, porque choras?». Respondeu-lhes: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram». Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus de pé, mas não sabia que era Jesus. Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? A quem procuras?». Ela, julgando que era o hortelão, disse-Lhe: «Senhor, se tu O levaste, diz-me onde O puseste; eu irei buscá-l'O». Jesus disse-lhe: «Maria!». Ela, voltando-se, disse-Lhe em hebreu: «Rabboni!», Jesus disse-lhe: «Não Me retenhas, porque ainda não subi para Meu Pai; mas vai a Meus irmãos e diz-lhes que subo para Meu Pai e vosso Pai, para Meu Deus e vosso Deus». Foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: «Vi o Senhor!», e as coisas que Ele lhe disse."
Jo 20, 11-18
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Um dos sinais da Ressurreição:
Os tempos do espírito podem não seguir o Tempo comum.
A espera do Advento, em jeito de deserto quaresmal, vive o seu ser em travessia.
Escrevi isto há dois anos a pensar, entre outras coisas, nas diferenças entre o tempo de todos e o tempo pessoal. O tempo litúrgico é preciso quando se vive em comunidade. No entanto, o coração humano, centro dos afectos e do discernimento, nem sempre está predisposto a esse tempo que todos vivem. Há quem esteja triste em plena Páscoa, ou quem em altura de penitência não conseguia controlar a felicidade pelos acontecimentos que passou. Recordo que houve um ano em que pus o Menino Jesus no presépio já íamos avançados em Janeiro. O Natal era socialmente uma leve recordação que pairava no ar, mas em mim o Advento precisou de mais dias, o tempo do nascimento não seguia as horas de todos.
Parece-me que isto só é possível graças à Ressurreição. Com este acontecimento os tempos mudam. Quando deixamos que Cristo nos ajude a viver o que passamos, do mais banal ao mais doloroso, os tempos trocam-se. Na relação com Deus já não são os calendários civil ou religioso que têm a última palavra, mas a verdade possível nas situações da vida envolvidas por esse encontro. E quando me disponho a estar em toda a verdade diante de Deus, seja qual for o tempo que esteja a passar nesse ser em travessia, darei um passo mais para a Ressurreição. Aí surgirá a paz e o desejo de dizer com humildade: Ele está vivo! Ele é a Vida!
Paulo Duarte, sj
http://www.imissio.net/v2/cronicas/sinais-da-ressurreicao:1933
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