Aguenta sem pegares
Fogo aos dias e deixa que eles passem,
Serenos como voo de pássaro
à tardinha: nada podes contra
a noite a fazer sombra aos dias
que hão-de vir: não dançam
as árvores ao abraço do vento? Então,
porque não dás tempo a amolecerem
as dores que te saem ao caminho?
Não bastam os que contigo caminham,
Que ainda de outros procuras?
Se tudo há-de acabar em escuro eterno,
deixa que brilhe hoje o sol,
pois pode ser amanhã
um definitivo nada:
que o luto
por ti mesmo seja o caminho
de entender como belo continuar
pode o mundo ser depois de seres nada.
Francisco Niebro,
in Ars Vivendi Ars Moriendi (Âncora Editora, 2012)
in Ars Vivendi Ars Moriendi (Âncora Editora, 2012)
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