Nunca acreditei que a amizade ganhasse fundamento ou se conseguisse justificar e provar nos momentos mais difíceis. A amizade não tem que dar provas, a amizade nunca pode viver na base da prova derradeira, a amizade não pode viver na desconfiança, sempre à espera de um passo em falso ou então de algo em troca.
Mas, nos momentos difíceis, a amizade sabe bem, ainda melhor que no dia-a-dia, ainda melhor que na rotina dos dias, ainda melhor que no tempo comum - a amizade é fundamentalmente tempo comum, partilhado na intimidade de cada um, nas circunstâncias mais banais de cada um, no tudo e no nada de cada um. A amizade tem também tempos litúrgicos, dias em que renasce e dá grito vivo nas grutas escondidas, dias em que carrega cruzes, dias em que se senta à mesa e se despede, ainda que temporariamente. Na amizade há também os que renunciam, e não deixam por isso de ser perdoados e chamados de volta, e há aqueles que, também entre lágrimas, e outros sofrimentos, acompanham até ao calvário.
A amizade sabe bem. Tão bem que merece ser louvada todos os dias, que merece acima de tudo sorrisos e abraços, também de agradecimento. Foi o que fiz hoje. Porque me quiserem bem. Porque me desejaram bem. Não há melhor na vida.
Patrícia Oliveira
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