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Os sonhos de Jorge são sonhos sem tempo, como os de todas as crianças. São sonhos em que todos estão presentes ao mesmo tempo em lugares distantes do mundo, na selva, no outro lado do mar e nos retratos das paredes. Se deus está em todo o lado, as crianças estão em todo o tempo.

No meu peito não cabem pássaros, 
Nuno Camarneiro


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Eis-me

Eis-me Tendo-me despido de todos os meus mantos Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses Para ficar sozinha ante o silêncio Ante o silêncio e o esplendor da tua face Mas tu és de todos os ausentes o ausente Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca O meu coração desce as escadas do tempo [em que não moras E o teu encontro São planícies e planícies de silêncio Escura é a noite Escura e transparente Mas o teu rosto está para além do tempo opaco E eu não habito os jardins do teu silêncio Porque tu és de todos os ausentes o ausente Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Livro Sexto'