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A mostrar mensagens de abril, 2018
Un amor más allá del amor por encima del rito del vínculo, más allá del juego siniestro de la soledad y la compañía. Un amor que no necesite regreso, pero tampoco partida. Un amor no sometido a los fogonazos de ir y de volver, de estar despiertos o dormidos, de llamar o callar. Un amor para estar juntos o para no estarlo, pero también para todas las posiciones intermedias. Un amor como abrir los ojos. Y quizás también como cerrarlos. Roberto Juarroz
Livre não sou, que nem a própria vida Mo consente. Mas a minha aguerrida Teimosia É quebrar dia a dia Um grilhão da corrente. Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino. E vão lá desdizer o sonho do menino Que se afogou e flutua Entre nenúfares de serenidade Depois de ter a lua!  Miguel Torga, in 'Cântico do Homem'
Nas estantes os livros ficam (até se dispersarem ou desfazerem) enquanto tudo passa. O pó acumula-se e depois de limpo torna a acumular-se no cimo das lombadas. Quando a cidade está suja (obras, carros, poeiras) o pó é mais negro e por vezes espesso. Os livros ficam, valem mais que tudo, mas apesar do amor (amor das coisas mudas que sussurram) e do cuidado doméstico fica sempre, em baixo, do lado oposto à lombada, uma pequena marca negra do pó nas páginas. A marca faz parte dos livros. Estão marcados. Nós também. Pedro Mexia
caminho arranhando meus pés sobre as pedras quentes gosto do som das rodas que se arrastam sobre concreto fatídicas vias [de fato] gosto do som da vida em seu eterno arrastar-se                                                                    sobre/tudo nydia bonetti &  natália gregorini de barro e pedra editora urutau 2017
Passamos pelas coisas sem as ver, gastos, como animais envelhecidos: se alguém chama por nós não respondemos, se alguém nos pede amor não estremecemos, como frutos de sombra sem sabor, vamos caindo ao chão, apodrecidos. eugénio de andrade as mãos e os frutos poesia fundação eugénio de andrade 2000
Josésito do meu coração.

Coisas que têm quereres

Há uma frase do Hans Christian Andersen que eu gosto bastante, de uma personagem que diz a certa altura: «Pediram-me para rezar mas eu só me lembrava da tabuada». Nós vivemos muito debaixo do signo da tabuada, ou seja, de certa maneira quando se pede espírito respondem-nos com a tabuada. Quando se pede cultura respondem-nos com a tabuada. Quando alguém pede piedade respondem-nos com 2X2=4. É este mundo do quantitativo que me preocupa... Gonçalo M. Tavares
felicidade foi quando ela aceitou a sua intensidade e tomou banho de chuva nas suas próprias  tempestades. zack magiezi

Se Deus se deixasse fotografar seria assim

Se Deus se deixasse fotografar seria assim

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Por um país de pedra e vento duro Por um país de luz perfeita e clara Pelo negro da terra e pelo branco do muro Pelos rostos de silêncio e de paciência Que a miséria longamente desenhou Rente aos ossos com toda a exactidão Dum longo relatório irrecusável E pelos rostos iguais ao sol e ao vento E pela limpidez das tão amadas Palavras sempre ditas com paixão Pela cor e pelo peso das palavras Pelo concreto silêncio limpo das palavras Donde se erguem as coisas nomeadas Pela nudez das palavras deslumbradas - Pedra rio vento casa Pranto dia canto alento Espaço raiz e água Ó minha pátria e meu centro Me dói a lua me soluça o mar E o exílio se inscreve em pleno tempo sophia de mello breyner andresen livro sexto 1962
Jornalista: quando decide que a história chegou ao fim? Mia Couto: quando encontro a frase inicial, sei que estou a acabá-la. https://sol.sapo.pt/artigo/53493/mia-couto-escrevo-para-acalmar-os-fantasmas
acho que se encontra na minha escrita aquilo que é a vontade de ficar espantado com o que não se percebe, o que não tem espelho. de repente, há ali um universo que não temos capacidade de entender. isso para mim, longe de ser um elemento de receio, é de um enorme fascínio. deixar de perceber é fundamental, porque é a única maneira de baralharmos as cartas e de voltarmos a repensar a nossa maneira de estar no mundo. adoro não perceber, não saber. Mia Couto https://sol.sapo.pt/artigo/53493/mia-couto-escrevo-para-acalmar-os-fantasmas
O futuro pode ser um tempo em que haverá mais humanoides como Sophia, mas o que esse cenário me diz é o mesmo que dizia a Sophia poeta: a nós, seres humanos, cabe-nos ser cada vez mais humanos. Sophia & Sophia Laurinda Alves 10/4/2018, 0:05 https://observador.pt/opiniao/sophia-sophia/ Atravessamos a cidade e damos de caras com a Sophia-robot, em cartazes publicitários de fundo azul que nos interpelam pela combinação de fascínio e temor que nos provocam todos os humanoides. A realidade ultrapassa quase sempre a ficção e, por isso, esta Sophia já vive no nosso imaginário e até nos soa familiar. Todos vimos e ouvimos Sophia na Web Summit ou na net, e mesmo aqueles que, como eu, nunca estiveram na sua presença, nem lhe puderam fazer perguntas ou apertar a mão, paramos para escutar a sua voz e ver a maneira como interage e se desembaraça das perguntas. Sabemos que apenas pode manter conversas simples e só responde a tópicos pré-definidos, mas inconscientemente esperamos que
Sou gémeo de mim e tudo O que sou é Distância. Estou sentado sobre os meus joelhos Separado. Aquilo que une É um rumor. Não descanso. Sou urgência De outro sítio. E pudesse velar-me Longe Dos homens como se neles Adormecesse. Daniel Faria POESIA

Se Deus se deixasse fotografar seria assim

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Se Deus se deixasse fotografar seria assim

Mirando la cometa // Watching the kite Ricard Terré, 1956
Quando perdemos tudo, podemos sentir-nos reduzidos a cinzas. E essas cinzas, parecendo nada, podem, afinal, revelar a essência do que somos - que é algo que vai para lá do nosso corpo, posses, relações, para lá daquilo que possamos ter ou fazer. Quando sentimos perder tudo, além da dor da perda, recebemos uma luz incisiva que nos revela algo de precioso sobre nós mesmos: podemos estar muito perto de nos ligar com o essencial. E quando, finalmente, nos ligamos ao essencial já não temos nada a perder: nada tememos; passamos a viver levados nas asas da providência. João Delicado Ver para além do olhar - Página Facebook
Talvez eu seja O sonho de mim mesma. Criatura-ninguém Espelhismo de outra Tão em sigilo e extrema Tão sem medida Densa e clandestina Que a bem da vida A carne se fez sombra. Talvez eu seja tu mesmo Tua soberba e afronta. E o retrato De muitas inalcançáveis Coisas mortas. Talvez não seja. E ínfima, tangente Aspire indefinida Um infinito de sonhos E de vidas. HILDA HILST Cantares de perda e predileção, 1983

Abram-lhes as portas das escolas e podem nascer Futuros Presidentes | P3

Abram-lhes as portas das escolas e podem nascer Futuros Presidentes | P3 : Luís Mileu e Ricardo Henriques percorreram o Norte de Moçambique em busca dos 'futuros presidentes' do país. Nas imagens e textos deles está a possibilidade do sonho: 'Se estas crianças tiverem acesso à educação podem ser tudo'. Assembleia da República recebe a exposição a partir de dia 11 de Abril Texto de  Mariana Correia Pinto  • 03/04/2018 - 18:06 http://p3.publico.pt/cultura/exposicoes/25830/abram-lhes-portas-das-escolas-e-podem-nascer-futuros-presidentes Em macua, idioma falado no Norte de Moçambique, a palavra futuro não existe. E isto é todo um tratado sobre um país. Luís Mileu e Ricardo Henriques evocam o pormenor do dicionário ao falar dos meninos e meninas moçambicanos que conheceram durante a sua viagem de 11 dias pelas províncias de Cabo Delgado e Nampula. Que sonhos são possíveis quando o futuro é uma ideia extraterrestre? Ricardo Henriques recorda-se bem do olhar de estranheza
Das árvores que plantei nenhuma já me pertence e de quase todas nem comi ou sequer vi os frutos. Sempre soube que devemos morrer E penso que é melhor não se saber quando nem como. E quanto ao que deixámos, não se recorde de quem foi. Que só assim somos eternos. Pedro da Silveira