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A mostrar mensagens de maio, 2017

Belo

 Naked Pastor

Coisas que têm quereres

Hay un camino aún no atascado, aún ni pensado, que comienza en la punta justo de tus pies; hay un camino; hay, hay un camino. Eduardo Dalter

Coisas que têm quereres

Ainda há muitos pais que se dirigem aos filhos utilizando a vulgarizada expressão: “Assim não vais ser ninguém na vida”.  E o que é mesmo ser alguém na vida? Eliminando a hipótese mais romântica, que “o ser alguém na vida”, seria o “ser a vida de alguém”, o que é que nos resta?  O desempenho de uma séria de profissões socialmente aceites?  Uma educação colegial pautada por “Muitos Bons”, medalhas de mérito, aluno de quadro de honra, campeão das olimpíadas de matemática ou o vencedor do torneio europeu das composições?  Um advogado numa sociedade de renome, um engenheiro com um MBA a liderar uma multinacional ou um cientista bolseiro premiado nos EUA?  Sem desprimor para todo o brio que estes “seres de alguém” serão, e o consequente orgulho paterno-ó-maternal que o depósito frutuoso da nossa educação gera, não é nisto que penso quando desejo muito, que as minhas filhas, não sejam alguém, sejam apenas elas mesmas.  No limite, isto até pode parecer de um romantismo extremo,
Há palavras que fazem bater mais depressa o coração – todas as palavras – umas mais do que outras, qualquer mais do que todas. Conforme os lugares e as posições das palavras. Segundo o lado de onde se ouvem do lado do Sol ou do lado onde não dá o Sol. Cada palavra é um pedaço do universo. Um pedaço que faz falta ao universo. Todas as palavras juntas formam o Universo. As palavras querem estar nos seus lugares! josé de almada negreiros andaimes e vésperas poesia estampa 1971
Assim organizar a nossa vida que ela seja para os outros um mistério, que quem melhor nos conheça, apenas nos desconheça de mais perto que os outros. Eu assim talhei a minha vida, quase que sem pensar nisso, mas tanta arte instintiva pus em fazê-lo que para mim próprio me tornei uma não de todo clara e nítida individualidade minha. s.d. fernando pessoa livro do desassossego por bernardo soares. vol.I ática 1982
Há mulheres que trazem o mar nos olhos Não pela cor Mas pela vastidão da alma E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos Ficam para além do tempo Como se a maré nunca as levasse Da praia onde foram felizes Há mulheres que trazem o mar nos olhos pela grandeza da imensidão da alma pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens... Há mulheres que são maré em noites de tardes... e calma Sophia de Mello Breyner Andresen

Nossa Senhora não veio cá para que a víssemos

P. Miguel Almeida, sj http://observador.pt/opiniao/nossa-senhora-nao-veio-ca-para-que-a-vissemos/ Uma espiritualidade do concreto. O discernimento, característica sublinhante da sensibilidade espiritual inaciana em que o Papa Francisco tanto insiste, tem como elemento incontornável a realidade – como ela é e não como gostaríamos que fosse. Não por acaso, no seu primeiro documento, o Papa defende o princípio de que a realidade é superior à ideia. A realidade como ponto de partida e não como meta, isto é, não uma realidade que tem que ser abençoada como é, mas que tem que ser assumida na sua concretude para ser transformada. Condição sine qua non para qualquer discernimento é a liberdade interior. Essa liberdade de falar ou calar, de fazer ou estar quieto, de ir à direita ou à esquerda, sendo guiado apenas e só pelo que o discernimento ditar ser a vontade de Deus. Realidade e liberdade no espírito. Numa palavra, olhe-se para Francisco e percebemos a força do discernimento. A aten
Há momentos assim. Decidimos fazer uma coisa e tudo contraria a nossa decisão. Ontem, ao ouvir Manuela Ferreira Leite, sorri. Ela afirmou no seu comentário semanal que, hoje, iria estar de olhos pregados na televisão, com imensa pena de não ter podido ir a Fátima. Sorri, porque tinha decidido fazer, exactamente, o mesmo... Oxalá ela tenha conseguido cumprir. Eu, pelo meu lado, só consegui ligar o aparelho, na intimidade da minha sala, eram seis horas da tarde e demorei algum tempo a libertar-me do incómodo de não ter podido faze-lo antes. Mas, uma vez liberta desse peso, segui até à hora em que escrevo estas linhas, todos os passos de Francisco peregrino, que chegou a Fátima como caminhante especial e se recolheu, terminado o terço, sentado ao lado do motorista, vincando bem, com essa atitude, que não queria que a atenção dos orantes se desviasse de Maria.  Será um pequeno gesto que, muito possivelmente, até terá passado despercebido de muita gente. A mim, tocou-me particularmen
A madrugada desponta e mais um dia Se prepara para o calor e o silêncio. No mar o vento da madrugada Encrespa-se e desliza. Eu estou aqui Ou ali, ou algures. No meu começo. T.S. Eliot
Uns fecham portadas, e se encerram na paisagem. Outros habitam quimeras, extintos magmas interiores. Eu vivo apenas fora de mim. De longe me chegam palavras e nenhuma cabe no oco da minha māo. Apenas de outros me faço eu. Espreito a rua e, através de mim, nāo vejo senāo gente que nasce sem sonhos e vive sem vida. Sou o homem sem janela: o mundo está sempre do lado de cá. A meu lado nāo mora ninguém: meus vizinhos habitam todos dentro de mim. Ao fim da tarde porém, o céu se curva para afagar o meu teto. Em redondo dorso de cāo, a meus pés se enrosca a solidāo. É entāo que chegas, e eu, enfim, regresso para dentro de minhas paredes. Só entāo tenho janela. Mia Couto

Vou a Fátima

“Olho para o mundo e para os outros, para o futuro e para mim, e acho prudente proteger-me e aos que cativo com a necessidade de absoluto. Como julgo impudico esperar pela sensação da morte para procurar Deus, confio o meu coração aos seus próprios riscos. Por isso vou a Fátima, numa confusão de sentimentos unidos pela minha determinação, Vou a Fátima simplesmente porque sinto necessidade de ir e não quero aprisionar esse sentimento livre em nenhuma infatigável introspecção. Vou a Fátima porque o tempo e a razão me cercam: a esperança quer dar o lugar, parece que por sensatez, à ausência de expectativas relativamente aos outros, e eu quero resistir até o fim e merecer que outros resistam por minha causa. Vou a Fátima porque me inquieta um mundo sem espiritualidade e não quero deixar apenas às gerações futuras os rios e os mares limpos e as florestas e o lince da Malcata intactos, mas também o essencial do Homem, a alma, a sua secreta grandeza, aquilo que o distingue diante do mistér

Oh Senhor

Ó Senhor, que difícil é falar quando choramos, quando a alma não tem força, quando não podemos ver a beleza que tu entregas em cada amanhecer. Ó Senhor, dá-me forças para poder encontrar-te e ver-te em cada gesto, em cada coisa desta terra que Tu desenhaste só para mim. Ó Senhor, sim, eu seu preciso da tua mão, do abraço deste amigo que não está. Dá-me luz, à minha alma tão cansada, que num sonho queria acordar. Ó Senhor, hoje quero entregar-te o meu canto com a música que sinto. Eu queria transmitir através destas palavras. Fico mais perto de ti.
~  O que o ICBAS junta, a vida não separa O Rapaz do UniRim, a Chefa e a Lu 

Coisas que têm quereres

Miss Pati and Mister Puppy
Não me deixem tranquilo não me guardem sossego eu quero a ânsia da onda o eterno rebentar da espuma As horas são-me escassas: dai-me o tempo ainda que o não mereça que eu quero ter outra vez idades que nunca tive para ser sempre eu e a vida nesta dança desencontrada como se de corpos tivéssemos trocado para morrer vivendo Mia Couto
Não importa o que se ama. Importa a matéria desse amor. As sucessivas camadas de vida que se atiram para dentro desse amor. As palavras são só um princípio — nem sequer o princípio. Porque no amor os princípios, os meios, os fins são apenas fragmentos de uma história que continua para lá dela, antes e depois do sangue breve de uma vida. Tudo serve a essa obsessão de verdade a que chamamos amor. O sujo, a luz, o áspero, o macio, a falha, a persistência. Inês Pedrosa  Fazes-me falta
Arrumei os amores, é a primeira regra da vida - saber arquivá-los, entendê-los, contá-los, esquecê-los. Mas ninguém nos diz como se sobrevive ao murchar de um sentimento que não murcha. A amizade só se perde por traição - como a pátria. Inês Pedrosa Fazes-me falta
Por que te escolhi? Por que estaria ao teu lado em todas as ocasiões? Apenas porque ambos acreditávamos no poder transformador de cada ser humano sobre a terra — apenas isso. Essa escolha ética essencial empurrou-nos um para o outro. Mas a permanência dessa escolha para além das descobertas infaustas do quotidiano, eis o que já não tem explicação. Que tivéssemos nascido do mesmo lado da ponte das escolhas fundamentais não explica tudo. Porque há, apesar de tudo, uma multidão ao nosso lado. Há uma multidão de vozes uníssonas em todos os territórios da ética concreta onde se escolhem os amigos. Eu escolhi-te, sim, por causa de uma ou duas afinidades essenciais — mas essas afinidades não explicam toda uma história.  Inês Pedrosa Fazes-me falta