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A mostrar mensagens de maio, 2015
O coração é como a árvore-onde quiser volta a nascer. Provérbio moçambicano citado e adaptado por Mia Couto no livro "O fio das missangas"

O amor

O amor é uma ave a tremer nas mãos de uma criança. Serve-se de palavras por ignorar que as manhãs mais limpas não têm voz. Eugénio de Andrade

Sempre que a gratuidade ousa em minhas palavras

Porque eu entendo, desde a minha pobre percepção, que o vencedor, no fim das contas, é aquele que atinge o inútil dos pássaros e dos lírios do campo. Sempre que a gratuidade ousa em minhas palavras, elas são abençoadas por pássaros e por lírios. Os pássaros conduzem o homem para o azul, para as águas, para as árvores e para o amor. Ser escolhido por um pássaro para ser a árvore dele: eis o orgulho de uma árvore. Ser ferido de silêncio pelo vôo dos pássaros: eis o esplendor do silêncio. Ser escolhido pelas garças para ser o rio delas: eis a vaidade dos rios. Por outro lado, o orgulho dos brejos é o de serem escolhidos por lírios que lhes entregarão a inocência. (Sei entrementes que a ciência faz cópia de ovelhas, que a ciência produz seres em vidros -louvo a ciência por seus benefícios à humanidade, mas não concordo que a ciência não se aplique em produzir encantamentos.) Por quê não medir, por exemplo, a extensão do exílio das cigarras? Por quê não medir a relação de amor que os pá

O TEMPO COMO O VENTO

As horas e os anos sopram apagando as paixões superficiais, ao mesmo tempo que avivam e incendeiam o fogo das mais profundas. Aquilo que é leve levanta voo como se fosse importante e, pouco depois, com o passar do tempo desaparece… Ao que é sólido, o tempo revela-o à medida que se vão perdendo as superficialidades que lhe escondem os contornos. A verdade está, quase sempre, sob um manto sujo...   . Somos como pedras. Mais pequenas ou maiores, grãos de arei a ou rochedos. A proximidade é mais importante do que o tamanho. O mais pequeno grão de areia, se estiver próximo, é maior do que uma montanha ao longe. Até porque uma montanha ao longe é um mero grão de areia… e um grão de areia é sempre um quase nada.  . Importa estar atento ao outro, cuidar do que nele se mantém tanto quanto do que se modifica, celebrando o que de bom não se altera, tanto quanto aquilo que nele muda para melhor… tolerando o mal que teima em ficar, tanto quanto aquilo que se deteriora…   . É preciso t
Diz que sou "a real Chefona", mas ele é que é grande. E não só em altura.  Junto dos meus amigos sou tão pequenina. E sorrio. E louvo a Deus por os ter.

Acreditar na mudança

A principal mudança na vida é acreditar na mudança. A partir do momento em que acreditamos na mudança, passamos a aceder a uma série de recursos antes adormecidos em nós. Diz a Carta aos Hebreus que a fé é “garantia das coisas que se esperam e certeza daquelas que não se vêem”. E é de fé que precisamos: mesmo antes da fé em Deus, precisamos da fé naquilo que Deus quis fazer de nós: através das nossas capacidades, do nosso crescimento, das nossas relações; tudo aspectos da vida pouco tangíveis, pouco mensuráveis, mas tão importantes que não vivemos sem eles. E tudo começa com um simples ato de fé: “acredito que posso mudar; então posso mudar” - e aí, tudo muda. ver para além do olhar - facebook

Street Musicians Surprise A Homeless Man

Quem se faz prisioneiro do que recebeu, falha contra a criatividade da fidelidade e o exigente exercício da liberdade historicamente situada. Quem se faz ideólogo da novidade permanente, da autofundação e da autonomia absoluta, esquece que ninguém é pai sem, primeiro, ter sido filho, e que não há árvores sem raízes, nem promessas sem memória, nem crescimento sem espera, nem liberdade sem alteridade. Quem vive, apenas, de olhos postos no alto, perde o pé da existência corpórea, do presente e do finito. Vivendo na abstração de um mundo espiritualmente perfeito e puro, falha contra a lentidão do tempo, a espiritualidade da matéria, a concretude das relações. Quem, pelo contrário, anda cabisbaixo e olhar por terra, acaba, facilmente, amarrado ao lado amorfo e triste das próprias impossibilidades e temores. Entre-tanto, pelo exercício de se compreender e de se narrar na confluência de tantas dimensões - entre o eu e o outro, o mundo e o absoluto, os factos e a palavra, a graça e o limite
Na grandeza e no drama deste exercício afetivo e efetivo de se ser humano, pressentimos melhor o húmus indispensável daquilo que ousamos chamar vocação divina - a alegre sintonia entre o apelo e a resposta, a benção de uma bendizente e a grandeza de poder corresponder, o apreço reconhecido e disposição a pagar um preço, gerando uma fisionomia humana única. A voz divina, que interpela a decisão humana, tem, nos ritmos e nos lugares que se vive, a graça e o custo da existência, a sua caixa de ressonância mais elementar e o seu palco quotidiano. É aí que poderá ser escutada e correspondida. A relação com a alteridade divina que me atrai e me implica, com tudo o que ela sempre tem de fascinante e tremendo, joga-se no espaço vital da consciência que temos de nós próprios como corpo sensível e relacional, na exposição quotidiana às possibilidades e dramas da liberdade. Por isso, e antes de mais, com o apelo divino, joga-se uma altíssima exposição e competência humanas. Para nos implicar, De
Dividido, Adão aprende a fingir e a fugir. De Deus. De Eva. E depois, como ele, foge Caim de Abel, seu irmão. E aí por diante, numa espiral infernal de desconfiança e ressentimento, num mundo que se torna hostil. Entre tantos desencontros e desentendimentos, come-se o pão amassado com grande custo e dá-se à luz em grande dor. E nós aprendemos pela mesma cartilha. Fugimos e fingimos. Negamos a realidade. Lamentamos o limite. Tememos a diferença. Baixamos o olhar. Tapamos o ouvido. Evitamos o contacto. Viciamos o paladar. Iludimos o encontro. Tememos a exposição. Diante de ti, porque não sei estar à altura de mim, vou além ou fico aquém do que sou , levanto a voz ou emudeço, empertigo-me ou apago-me. Não sou capaz de ser só e tudo o que sou. E, assim, faz-me mal que tu sejas diferente e que possas ser quem és. Mas eis que neste jogo tenso de atração e de distanciamento, uma voz grave se impõe. Interpela, de novo, pelo nome, trazendo de regresso, ao próprio lugar. Só terei de ser o qu
“De tudo escrito, amo apenas o que se escreve com o próprio sangue. Escreve com sangue: e verás que sangue é espírito. Não é coisa fácil compreender o sangue alheio: eu detesto os que leem por passatempo.” Friedrich Nietzsche

Uma palavra

Uma palavra te procura ao nível desta existência suave dura uma palavra não para ostentação mas para seguir na estrada no seu ágil correr de fogo para te abrir o dia para te fazer mais pequeno do que o buraco para te dar um breve crepitar de um insecto a fuga precipitada ou o vagaroso pêlo o imperceptível movimento da água na vereda a existência ínfima de qualquer animal ou folha uma partícula de poeira ou sulco um estalido uma palavra como uma chama um pouco mais clara do que o dia só levemente mais clara do que a tua mão e escura ou parda como a estrada António Ramos Rosa

O amor não acontece. Decide-se

Há quem julgue que o amor é alheio à vontade humana, algo superior que elege, embala e conduz… e que quase nada se pode fazer perante tamanha força. Isso é uma mera paixão no seu sentido menos nobre. E, nesse caso, sim, o amor acontece... Ao contrário, amar é estar acima das paixões e dos apetites. Mesmo quando o amor nasce de uma espontaneidade, resulta de um claro discernimento. O amor decorre de uma decisão. De um compromisso. Constrói-se de forma consciente. Através do heroísmo de alguém livre que decide ser o que poucos ousam. Escolhe para fim de si mesmo ser o meio para a felicidade daquele a quem ama. Sim, decide-se amar e, sim, decide-se a quem amar. O amor autêntico é raro e extraordinário, embora o seu nome sirva para quase tudo... a maior parte das vezes designa egoísmos entrelaçados, cada vez mais comuns. São poucos os que se aventuram, os que arriscam tudo, os que se dispõem a amar mesmo quando sabem que poucos sequer perceberão o que fazem, o seu porquê e o para

Se é para morrer

Se é para morrer quero morrer muitas vezes, mais do que as que soube ter vivido e fui eterno sem o saber. Se é para morrer morrerei tantas vezes que entre corpo e tempo minha alma perderá caminho. E morrerei de tudo, em cada instante. Morrerei até ser árvore, renascendo em estação para além do tempo, para além da luz. Se é para morrer que seja como o amor: tanto e sempre que não será derradeira a última vez. Mia Couto (2007)

Oração do Pobre

Oxalá, Senhor, que ouças a minha voz. Aqui estou. Sem grandes palavras para dizer. Sem grandes obras para oferecer. Sem grandes gestos para fazer. Receberei o que me queiras dar: Luz ou sombra. Sorte ou adversidade. Alegria ou tristeza. Calma ou dificuldade. E receberei sereno, Com um coração sossegado, Porque sei que Tu, Meu Deus, Também és um Deus Pobre. Um Deus que não exige, mas que convida. Que não força, mas que espera. Que não obriga, mas que ama. E eu farei o mesmo no meu mundo, Com os meus amigos, com a minha vida: Aceitar o que vier como um presente. Eliminar do meu dicionário a exigência. Perguntar aos outros: “O que precisas?” “Que posso fazer por ti?” E dizer poucas vezes “Quero” ou Dá-me” E assim avanço, Deus Aqui, sem mais nada. Em silêncio. Contigo, meus Deus pobre. P. Nuno Branco sj

Para que a vida não pare nunca

Há sempre alguém à espera à espera de uma ajuda que não sabe como pedir ou de um empurrão porque tudo parou e não sabe para onde ir (...)há alguém à espera quando o passo seguinte não tem chão quando o futuro lhe foge da mão mas esperar é crer e crer é confiança porque enquanto alguém espera outros vão calçam os seus sapatos para ajudar a dar um passo e dão um sorriso a mais preocupam-se um pouco mais fazem mais do que é esperado (...) Nasceu a vontade de ir mais além uma atitude que cresceu e se tornou numa missão (...) E é este o lugar que queremos ocupar Porque é isto que esperamos do mundo Porque é disto que o mundo está à espera (...) para que a vida não pare nunca

se dúvidas restassem

A vida é um colar. Eu dou o fio, as mulheres dão as missangas. São sempre tantas, as missangas... Mia Couto No livro "O fio das missangas"

Your beauty is nothing compared to what You will become...in time become

In time this won't even matter This chapter will be long on the grass And we'll talk about everything 'til it's easier Your beauty is nothing compared to what You will become You will become You will become In time, become And we talked about talk of a gold ring And you brought me one step closer to the heart of things We talked about everything 'til we laughed about it Your honesty is nothing compared to what You will become You will become You will become In time, become

Meus, sempre e para sempre

(Apesar de tudo) hoje fazem 24 anos!

Just stay close to me and make good hope

If we're gonna make it 'Cross this river alive We need to think like a boat And go with the tide And I know where you've been It's really left you in doubt Of ever finding a harbor Of figuring this out And you're gonna need All the help you can get So lift up your arms now And reach for it And reach for it And take your time babe It's not as bad as it seems, you'll be fine babe It's just some rivers and streams in between You and where you wanna be And watch the signs now You'll know what they mean, you'll be fine now Just stay close to me and make good hope Walk with you through everything And take your time babe It's not as bad as it seems, you'll be fine babe It's just some rivers and streams in between You and where you wanna be And watch the signs now You'll know what they mean, you'll be fine now Just stay close to me and make good hope Walk with you through everything May the song of good hope Walk with you through eve
Daqui a dois meses já estou caminho. A mochilear.  Eu gosto, gosto muito, deste pronúncio de partida. De passos por dar.

Sigo-Te

Sigo-Te com os muitos afectos as memórias o que sou o que não sou e o que sei ainda neste meu sentir forte total querer ser mais Sigo-Te na angústia dos momentos tristes lembro todos os que abracei e tive ao lado e que agora só já não posso abraçar e isso é não poder muito e isso é absoluto no sê-lo doloroso Sigo-Te no Teu caminho nas memórias que Vivo e nas que já não vivo mas não esqueço Sigo-Te para não me perder Esperança És, certa de Reconciliação em Ti em mim com Outros e num humilde ousar concertar lágrimas em tantas gotinhas que sei existem dor imensa entrelaço-me e fico Sigo-Te para no Teu caminhar memória da Páscoa Aprender e sentir-me com Outros Ser de novo dulce ac
"O mais egoísta dos homens é aquele que recusa dar aos outros a sua fragilidade e as suas limitações" - quem o diz é o poeta Daniel Faria, na obra chamada "Livro do Joaquim". Acrescenta ainda: "Quem recusa aos outros a sua pequenez, comete um dos mais infelizes gestos de prepotência. E porque aí se rejeita, aos outros não poderá dar senão o sofrimento da perda. Querendo-se sem falha, será o mais incompleto dos seres". Dá para entender? A fragilidade não é um obstáculo; a fragilidade é caminho para sermos mais completos. Ver para além do olhar, Facebook

Há gente que fica na história da gente

Meses depois, voltaram a Mesão Frio e encontraram esta moldura à cabeceira da cama de um dos nossos velhinhos. "Há gente que fica na história da gente.".

10 lecciones de vida que sólo aprenderás ‘mochileando’

Por Daniela Bustos 1. Decir adiós a las cosas materiales Todos lo hemos hecho alguna vez: empacado más de la cuenta para nuestra primera aventura mochilera. Sin embargo, a medida que vamos coleccionando más y más estampillas en nuestro pasaporte, parece que nuestro equipaje se hace más y más pequeño. Pronto nos damos cuenta de que la verdadera belleza de viajar está en los lugares que vemos y en las personas que conocemos, sin importar la ropa que vestimos o los costosos artículos que utilizábamos para documentar cada parte de nuestro viaje. 2. Ser más tolerante con los demás Nos obliga a abrirnos a viajeros de todas partes del mundo y aprendemos a apreciar nuevas costumbres, culturas e idiomas. Nos vemos forzados a sonreírle al individuo de ropa extraña con el que debemos compartir la habitación. Pronto nos damos cuenta de que “lo normal” es muy aburrido. 3. No dejar que el miedo sea un obstáculo Ya sea salir de tu zona de confort, tomar un avión a un lugar dond
Se todo o ser ao vento abandonamos E sem medo nem dó nos destruímos, Se morremos em tudo o que sentimos E podemos cantar, é porque estamos Nus em sangue, embalando a própria dor Em frente às madrugadas do amor. Quando a manhã brilhar refloriremos E a alma beberá esse esplendor Prometido nas formas que perdemos. SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in POESIA (Ed. de autora, 1944), in OBRA POÉTICA (Caminho, 2010)

Amar é ter ganho

MIGUEL ESTEVES CARDOSO   08/05/2015 - 06:14 Deixar-se ser amada já é muito bom. Amar é sempre melhor. O amor é o que fica depois de a vida ter tirado tudo o que pode tirar. O amor é o resto glorioso que consegue permanecer — e ser permanente —, quando tudo o que resta é retirado. Mesmo quando tudo fica pó ou pedra (como no perfeito poema An Arundel Tomb de Larkin), o ser quase verdade já chega: "De nós sobreviverá só o amor." Ler bons poemas afecta a vontade de viver. Os muito bons tiram-na. Larkin foi corajoso, mas é sempre tão cuidadosamente céptico, tão desejoso de chegar a uma espécie popular de verdade, que é sempre inglesmente derrotista e previsivelmente self-deprecating. Daí ser preciso fazer um esforço para não o ler entre as linhas. Ele sabia o valor do verso final "[:]What will survive of us is love." Sabia que era esse o verso que entraria nos dicionários de citações: mais uma ambição do que uma surpresa, para quem escreve mui
Regresso devagar ao teu sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que não é nada comigo. Distraído percorro o caminho familiar da saudade, pequeninas coisas me prendem, uma tarde num café, um livro. Devagar te amo e às vezes depressa, meu amor, e às vezes faço coisas que não devo, regresso devagar a tua casa, compro um livro, entro no amor como em casa. Manuel António Pina

Dar a vida

Dar a vida é amar. Abdicar de si… em favor de um outro. Vencer egoísmos e medos com a convicção de que dar-se nunca é um excesso nem uma cobardia. Dar a vida é perder-se para se encontrar. Entregar-se para se receber… É aparecer, sair de si até ao ponto de se poder ver bem diante dos próprios olhos. Dar a vida é vivê-la tal como ela é na essência: generosa! Ser mais vida na vida de outro alguém. Cuidar da existência do outro com a sua… dar a vida é ser outro. Melhor. Muito. Dar a vida é ser um sorriso apenas com um olhar. É oferecer lágrimas a quem já perdeu as suas. Ser um silêncio onde há paz… e uma melodia que revela que o melhor do mundo repousa em nós… à espera de nós. Dar a vida é reconhecer a beleza que há neste mundo. No outro e no mundo do outro. É contribuir para o equilíbrio e ficar em harmonia… com tudo e com cada coisa, compreendendo que a verdadeira alegria é a coisa mais séria da vida. Dar a vida é guardar-se para o momento oportuno, sabendo que pode

A minha casa

Imaginei-me descalça  a correr junto dos meus filhos descalços Feliz.