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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2016
Senhor, a noite veio e a alma é vil. Tanta foi a tormenta e a vontade! Restam-nos hoje, no silêncio hostil, O mar universal e a saudade. Mas a chama, que a vida em nós criou, Se ainda há vida ainda não é finda. O frio morto em cinzas a ocultou: A mão do vento pode erguê-la ainda. Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —, Com que a chama do esforço se remoça, E outra vez conquistemos a Distância — Do mar ou outra, mas que seja nossa! Fernando Pessoa
Ficarei, em silêncio todo o tempo que for necessário, esperando uma palavra vinda de Ti. Então, somente pronunciarei o teu Nome. Não terei opinião sobre Ti enquanto a Tua Luz não encandear o meu espírito. Então, somente falarei de Ti. Antes de trabalhar a terra, antes de abrir os braços, deixaremos o fogo do teu amor gravar a sua lei nas palmas das nossas mãos. Então, somente mudaremos o mundo abraçar-nos-emos e bateremos palmas para Ti. Assim seja Stany Simon, SJ

Olhares

Daqui: http://mollyinkenya.tumblr.com/
Não busques para lá. O que é, és tu. Está em ti. Em tudo. A gota esteve na nuvem. Na seiva. No sangue. Na terra. E no rio que se abriu no mar. E no mar que se coalhou em mundo. Tu tiveste um destino assim. Faze-te à imagem do mar. Dá-te à sede das praias Dá-te à boca azul do céu Mas foge de novo à terra. Mas não toques nas estrelas. Volve de novo a ti. Retoma-te. Cecilia Meireles
Os mortos mandam-nos apanhar ar Os vivos mandam-nos apanhar a lua Pati
O santo tem o rosto voltado, como proa de um barco, para aquilo que vem do futuro, para fecundar o presente - pólen de Deus, transportado por toda a espécie de anjos. O santo não cessa jamais de ligar o próximo ao longínquo, o humano ao divino, o vivo ao vivo. Christian Bobin Francisco e o Pequenino
Por natureza, o amor não existe - justamente uma água turva num espelho, a aliança momentânea de dois interesses, um misto de guerra e de comércio. Aquilo que é natural é este modo de amar que vos assemelha e lisonjeia - os amigos acolhedores, as damas perfumadas. Aquilo que é sobrenatural é entrar na leprosaria, perto de Assis, passar duma sala à outra, caminhar com passo de camponês, repentinamente calmo, ver avançar para vós estes farrapos de carne, estas mãos imundas que pousam sobre os vossos ombros, apalpam o vosso rosto; contemplar os fantasmas e apertá-los contra si, longamente, em silêncio, evidentemente em silêncio: não se vai falar de Deus àquela gente. São do outro lado do mundo. São dejectos do mundo, excluídos do prazer dos vivos, como do repouso do mortos. Sabem o suficiente sobre o mundo para compreenderem donde vem este gesto do jovem, para compreenderem que não vem dele, mas de Deus: só o Pequenino pode inclinar-se tão profundamente, com tanta simples graça.  Chr
Três palavras provocam a febre. Três palavras vos cravam no leito: mudar de vida. Essa é a meta. É clara, simples. O caminho que leva à meta não se vê. A doença é a ausência deste caminho, a incerteza das vias. Não se está perante uma questão, está-se dentro dela. Nós próprios somos a questão. Uma vida nova é o que quereríamos, mas a vontade, fazendo parte da vida antiga, não tem qualquer força. É-se como as crianças que estendem a mão esquerda, tendo nela um berlinde, e não largam a presa enquanto não têm a certeza de receberem uma moeda em troca, na mão direita: desejar-se-ia uma vida nova mas sem perder a velha. Querer-se-ia não conhecer o instante da passagem, a hora da mão vazia. Christian Bobin Francisco e o Pequenino
Querida Afilhada, Agora que o estetoscópio vai ganhando um lugar só dele nos teus dias e que a tua bata vai significar um pouquinho mais do que até então, escrevo-te e desejo-te em dobro tudo aquilo que de mais nobre, mais humano e de mais especial já vivi no Hospital. No nosso Hospital de Santo António. Tão nosso e por nós tão amado, porque lá crescemos, porque lá nos construímos e reconstruímos vezes sem conta, sempre com a sensação de que sabemos tão pouco junto do leito de uma velhinha querida que nos quer falar da solidão e da fome e não da doença, ou daqueles que não falam e dizem (quase) tudo, ou então junto daqueles que sorriem no fim e nos dizem “Felicidades Menina”, enquanto nos agarram na mão e terminam com um “Vai ser uma grande Doutora”. E quase temos medo de acreditar… Este caderno serve para apontares as tantas notas que vais tirar enquanto colhes história…mas lembra-te… por mais que escrevas, a história das pessoas vem-lhes no olhar, nas rugas que não são

Peregrinação

"Que o caminho seja brando a teus pés, o vento sopre leve em teus ombros. Que o sol brilhe cálido sobre tua face, as chuvas caiam serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja, Deus te guarde na palma de sua mão." (Oração Celta)
Agora que sinto amor Tenho interesse no que cheira. Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro. Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova. Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia. São coisas que se sabem por fora. Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça. Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira. Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver. alberto caeiro o pastor amoroso

Memórias

Uma Mada e uma Ticha

Fim de dia

But what I do remember What I do remember is you

Salvei uma vida, perdi outra…ganhei e perdi…

Gustavo Carona Magalhães http://fotoscomhistorias.blogspot.pt/2016/09/sera-que-eu-podia-ter-feito-melhor.html Continuo no Sul do Afeganistão… ponto mágico deste planeta…com a sensação que estou longe….muito longe de todo o mundo, principalmente do meu mundo… Gosto de o sentir, mas é impossível não ser invadido por um certo calafrio quando paramos para reflectir do quão longe e isolados estamos do mundo… Rodeado de guerra a toda a volta a única forma de sair da cidade de LashKar Gah, é num pequeno avião da Cruz Vermelha, que ali passa 2xs por semana… Se algo acontecer…o destino passa a ser muito incerto… Aqui vos conto uma história de um dos dias mais marcantes de toda a minha vida… Passado todo o dia a trabalhar no hospital….o baixar das temperaturas até estalar os ossos, vai nos avisando que o dia de trabalho está a chegar ao fim… Bloco operatório como sempre muito movimentado, ou não fosse este o hospital da capital da província de Helmand. Operamos de tudo

Madrid 2016

"Desde Madrid al Cielo, y desde al Cielo una ventanita para ver a Madrid."