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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2018
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor, e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes. Gastámos tudo menos o silêncio. Gastámos os olhos com o sal das lágrimas, gastámos as mãos à força de as apertarmos, gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis. Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada. Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro; era como se todas as coisas fossem minhas: quanto mais te dava mais tinha para te dar. Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes. E eu acreditava. Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis. Mas isso era no tempo dos segredos, era no tempo em que o teu corpo era um aquário, era no tempo em que os meus olhos eram realmente peixes verdes. Hoje são apenas os meus olhos. É pouco, mas é verdade, uns olhos como todos os outros. Já gastámos as palavras. Quando agora digo: meu amor, já se não passa absolutamente nada. E no entanto, antes das palavras gastas, tenho a certeza que toda
O Adorável Desastre
No vale do Dão, os remédios caem do céu Ricardo J. Rodrigues Diário de Notícias | 04.11.2018 https://www.dn.pt/1864/interior/no-vale-do-dao-os-remedios-caem-do-ceu-e-do-1864-10119328.html?fbclid=IwAR1nxWBVIhxhxlyFeNJMiC8rl1l3u_rBvK9dBKAmYz-Lz7MJZJ6OCP4gavQ "Hoje tenho visitas", e Abílio Abrantes, 77 anos, escangalha-se a rir. À aldeia do Penedo, no concelho de Tondela, ninguém vem parar por acaso. É um povoado de casas graníticas do vale do Dão, fica no alto de um planalto que não é caminho para lado nenhum. Os seus 50 habitantes, quase todos idosos, estão ali esquecidos e por isso, quando chega um forasteiro, toda a gente assoma à porta para se inteirar das novidades. Há pouco mais de um ano, na noite de 15 para 16 de outubro, o fogo entrou neste vale com a força da morte. Roubou uma vida na principal aldeia das redondezas, a Lajeosa do Dão, e destruiu umas dezenas de casas, incluindo aquela onde vivia Abílio. "Nessa noite tinha havido festa na aldeia
Ter saudades tuas não chega Não chega estar sempre perto estando longe Não chega lembrar-te e chamar-te perfeição Não chega nunca quando há amor
Já não se espera nada de nós? Irene Guia, Aci 23 Abril 2018 https://pontosj.pt/opiniao/ja-nao-se-espera-nada-de-nos/ Invade-me uma indignação que até sinto fisicamente quando a falta de verdade, as “falcatruas”, os “esquemas” ilícitos, que vêm à ribalta não encontram a correspondente resposta moral. A última vez que a senti foi quando mais um caso de “enriquecimento ilícito” de um Curriculum Vitae teve como reação de uma relevante figura pública, com um cargo de grande responsabilidade, o seguinte comentário publicado pelo Expresso a 11 de março de 2018: «é inequívoco que ele fez referência a um aspeto do seu currículo que não era preciso e corrigiu, é esta informação que eu tenho e ele deu essa informação à comunicação social». A única resposta que eu queria, que eu precisava de ter ouvido, era: é grave se o fez, é talvez ainda mais grave se se o está falsamente a acusar. Que jogadas, que esquemas, que dívidas retribuídas em favores nos impedem de continuar a ser moralment

Se Deus se deixasse fotografar seria assim

Há conversas que são como alguns rios moçambicanos, plenos de bancos de areia. Levam-nos a desviar a rota e a parar onde não temos mapa. Helena Ferro de Gouveia