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A mostrar mensagens de agosto, 2012
http://zenpencils.com/comic/76-neil-armstrong-a-giant-among-men/
Silêncio! Não vês? - Repara: A manhã faz-se mais clara... Silêncio! Devagarinho... Cuidado com as pedras do caminho... Silêncio! Não fales... não... Deixa-me ouvir bater o coração... Silêncio! Todo o Universo Está ali-dentro dum berço! Além... Não vês que dorme uma criança? Silêncio! É Deus que descansa. Miguel Torga
Sinto viver em mim um mar ignoto, E ouço, nas horas calmas e serenas, As águas que murmuram, como em prece, Estranhas orações intraduzíveis. Ouço também, do mar desconhecido, Nos instantes inquietos e terríveis, Dos ventos o guaiar desesperado E os soluços das ondas agoniadas. Sinto viver em mim um mar de sombras, Mas tão rico de vida e de harmonias, Que dele sei nascer a misteriosa Musica, que se espalha nos meus versos, Essa música errante como os ventos, Cujas asas no mar geram tormentas. Augusto Frederico Schmidt
«Não sei orar. Palestrar também não sei. Eu não sei conversar. O verbo que me tocou em sorte na distribuição dos verbos só é fluente quando o escrevo. Se o pronuncio, emperra. É perro. Melhor direi se lhe chamar perronho. Mas não é só debitar fala quando se conversa. É preciso escutar o interlocutor. Embora mudo por cortesia, é indispensável ouvi-lo para verificar se o silêncio é atento ou distraído, anuente ou repontão, amigo ou inimigo. Quem conversa mais precisa de ouvido que de língua». João de Araújo Correia
Fernando comprou um livro de poesia com oitocentas páginas mas só conseguiu ler quinhentas António sonhou com o Evereste na magnitude mas só precisava de mudar uma lâmpada Rita imaginou um poema para Fernando mas só tinha que aceitar o jantar de quinta A lâmpada pensou que era um poema e fundiu-se sem iluminar a sala Luís aproveitou a escuridão da sala para dizer a Rita um poema com montanhas Trezentas páginas que nunca foram lidas arquitectam com a lâmpada a salvação do mundo Rui Costa, in  A Nuvem Prateada das Pessoas Graves , Quasi Edições, Maio de 2005, p. 30.
Às vezes somos o que somos Às vezes somos quem fomos Mas às vezes tantas vezes Fomos Aquilo que nunca somos Somos e fomos por um dia E às vezes por fantasia Se perturba tanto, ser ... Querendo ser o que somos E aquilo que nunca fomos Fomos tudo Somos nada Fomos aquilo que somos E às vezes e quantas vezes Tantas vezes a dizer Nunca sabemos quem fomos E nunca soubemos ser  in Poemas com Sabor a Sol a Sal e A-mar, Isabel R. Monteiro, Edições Esgotadas
Excerto de JesusalÉm, Mia Couto: "A família, a escola, os outros, todos elegem em nós uma centelha promissora, um território em que poderemos brilhar. Uns nasceram para cantar, outros para dançar, outros nasceram simplesmente para serem outros. Eu nasci para estar calado. Minha única vocação é o silêncio. Foi meu pai que me explicou: tenho inclinação para não falar, um talento para refinar silêncios. Escrevo bem, silêncios, no plural. Sim, porque não há um único silêncio. E todo o silêncio é música em estado de gravidez. Quando me viam, parado e recatado, no meu invisível recanto, eu não estava pasmado. Estava desempenhado, de alma e corpo ocupados: tecia os delicados fios com que se fabrica a quietude. Eu era um afinador de silêncios. - Venha, meu filho, venha ajudar-me a ficar calado. Ao fim do dia, o velho se recostava na cadeira da varanda. E era assim todas as noites: me sentava a seus pés, olhando as estrelas no alto do escuro. Meu pai fechava o olhos, a cabeça meneando para
Distribuir é uma sabedoria. Pode pensar-se que é fácil e que, para ser justo, basta dividir em partes iguais para cada um. Mas não, essa seria uma justiça cega, sem coração. Distribuir é dar a cada um aquilo que cada um necessita. E como as necessidades são distintas, só há igualdade se se atender à diferença. NÃO HÁ SOLUÇÕES, HÁ CAMINHOS 365 vezes por ano não perguntes porquê, mas para quê Vasco P. Magalhães, sj
«Meia verdade é como habitar meio quarto Ganhar meio salário Como só ter direito A metade da vida.»  (Sophia de Mello Breyner Andresen)
As mãos foram feitas  para trazer o futuro,  encurtar a tristeza, encher  o que fica das mãos  de ontem — intervalos  (duros, fiéis) das palavras,  vocação urgente  da ternura, pensamento  entreaberto até  aos dedos longos  pelas coisas fora  pelos anos dentro.  Vítor Matos e Sá
«De vez em quando, dar um passo atrás ajuda-nos a conseguir ter uma perspectiva melhor O Reino não só está mais além dos nossos esforços, mas inclusive mais além da nossa visão. Durante a nossa vida, apenas realizamos uma minúscula parte dessa magnífica empresa que é a obra de Deus. Nada do que fazemos está acabado, o que significa que o Reino está sempre ante nós (...) Isto é o que tentamos fazer: plantamos sementes que um dia crescerão; regamos sementes já plantadas, sabendo que são promessa de futuro. Assentamos bases que precisarão de um maior desenvolvimento. Os efeitos da levedura que proporcionamos vão mais além das nossas possibilidades. Não podemos fazer tudo e, ao dar-nos conta disso, sentimos uma certa liberdade. Ela capacita-nos a fazer algo, e a fazê-lo muito bem. Pode ser que seja incompleto, mas é um princípio, um passo no caminho, uma ocasião para que entre a graça do Senhor e faça o resto. É possível que não vejamos nun

Uma ressaca que fica...

Parece tudo demasiado fácil: lavar os dentes com água a correr, tomar banho com água a ferver na pele, beber leite previamente líquido e misturá-lo com café que sai da máquina mal carrego num botão verde. Dormir sem redes a ocupar o ar à minha volta, andar na rua e não ter que saltar os riachos cinzentos cheios de lixo. Passar o dia no computador, porque cada ação demora no máximo dois segundos a ser realizada e Internet rápida vicia. Tudo parece feito para não pensarmos no quão privilegiados somos. Agora, recém-chegada de um lugar onde tudo é escasso, ainda me lembro. Mas habituamo-nos demasiado rápido a rotinas confortáveis. Quero o meu desconforto de acordar de madrugada e "mata-bichar" à volta da mesa, em comunidade. De sair à rua e de ouvir um "Bom dia, irmão!" a cada esquina. De andar pelo meio de bairros onde os bens são poucos mas o Bem é muito. De ver Esperança e alegria nos olhos de cada um, ainda que lhes falte muita coisa.  Quero o desconforto
«Muitas vezes li que Deus é caridade, nunca li que fosse honra ou dignidade»: Igreja evoca S. Bernardo © SNPC | 19.08.12 A Igreja Católica evoca esta segunda-feira, 20 de agosto, a memória de S. Bernardo. Nasceu no ano 1090 perto de Dijon (França) e cerca de 1112 foi admitido entre os Monges Cistercienses. Pouco tempo depois foi eleito abade do mosteiro de Claraval. Com a sua atividade e exemplo exerceu notável influência na formação espiritual da congregação. Percorreu a Europa para restabelecer a paz e a unidade, ameaçada por cismas no interior da Igreja. Escreveu várias obras de teologia e ascética, incluindo o  De Consideratione , que contém ensinamentos para poder ser um bom papa. Morreu em 1153. «O amor a si mesmo plenamente se basta; quando entra em nós, envolve nele todos os outros sentimentos. A alma que ama, ama e nada sabe de outras coisas. Muitas vezes li que Deus é caridade, nunca li que fosse honra ou dignidade. Não que Deus desdenhe a honra ou respeito; quer
Há certos dias da nossa vida em que, como Elias, preferiríamos adormecer e acabar. Toca-nos então a mão do anjo que nos dá de comer e nos intima a prosseguir caminho. É a tentação do abandono em que a solidão e a tristeza cavam em nós o desgosto da vida. Mas viver é, essencialmente, deixar a vida receber-se e dar-se, e não transformar o dom que nos habita em algo que dominamos. Se o fazemos, tomamo-nos pela Vida. Viver deixa de ser receber a Vida, é retê-la. J. A. Mourão, “Quem vigia o vento não semeia”.
"Action springs not from thought, but from a readiness for responsibility"  Dietrich Bonhoeffer  (Only You Can Be You by Erik Rees, page 166)
Do vale à montanha, Da montanha ao monte, cavalo de sombra, Cavaleiro monge, Por casas, por prados, Por Quinta e por fonte, Caminhais aliados. Do vale à montanha, Da montanha ao monte, Cavalo de sombra, Cavaleiro monge, Por penhascos pretos, Atrás e defronte, Caminhais secretos. Do vale à montanha, Da montanha ao monte, Cavalo de sombra, Cavaleiro monge, Por quanto é sem fim, Sem ninguém que o conte, Caminhais em mim. Fernando Pessoa
As ilhas são lugares de solidão e nunca isso é tão nítido como quando os que apenas vieram de passagem regressam e ficam no cais, a despedir-se, os que vão permanecer. Na hora da despedida, é quase sempre mais triste ficar do que partir e, numa ilha, isso marca uma diferença fundamental, como se houvesse duas espécies de seres humanos: os que vivem na ilha e os que chegam e partem. Miguel Sousa Tavares, Equador

Ao longe, ao luar

Ao longe, ao luar, No rio uma vela, Serena a passar, Que é que me revela? Não sei, mas meu ser Tornou-se-me estranho, E eu sonho sem ver Os sonhos que tenho. Que angústia me enlaça? Que amor não se explica? É a vela que passa Na noite que fica. Fernando Pessoa
‘Quando a caridade é um risco, esse é o momento da caridade’ http://www.patiodosgentios.com/dialogos/il-villaggio-di-cartone/
Quantas mãos à espera da tua, quantos abraços à espera do teu, quanta terra queimada à espera que o verde volte. Segura forte a mão do teu próximo. Talvez sejas o único com quem ele pode contar. Segura forte na mão de Deus, que te será sempre absolutamente fiel. Há futuro se disseres “presente”. José Luís Artur  01.08.2012 http://www.essejota.net/index.php?a=vnrhrlqqvkuivvqluprhrsqhutrhqqqkqruiqjrurtrvqvrnvvqnqlqr