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A mostrar mensagens de janeiro, 2013
Contemplo um bairro de lata. Àqueles que na sua boa-vontade e honestamente só ali puderam construir a sua casa, na lama, na encosta, parece que Deus lhes põe a mão por baixo. Como é que aquilo não cai todos os dias? Assim são os crentes, assentam as suas vidas naquilo que outros rejeitam por ser demasiado escorregadio e pouco seguro, a verdade, a justiça e o bem. E o que sofrem por eles torna-os capazes de dobrar e oscilar sem partir. Não acontece assim com as rochas, que na sua dureza abrem fendas com o calor, o frio e o tremor. “Quando sou fraco é que sou forte”, disse São Paulo. in Onde Há Crise, Há Esperança P. Vasco Pinto Magalhães

Se eu me esquecer de Ti, não te esqueças Tu de mim!

"Esperamos sempre Deus no máximo e esquecemo-nos de que ele nos visita no mínimo. É no pequeno, até no insignificante, no mais quotidiano, que Deus nos visita."  (José Tolentino Mendonça)

Duas estrelas sobre a montanha

Houve certa vez um homem austero, que não deixava nenhuma comida ou bebida passar por seus lábios enquanto o sol estivesse no céu. No que parecia ser um sinal de aprovação celestial para suas austeridades, uma estrela brilhava no topo de uma montanha próxima, visível a todos em plena luz do dia, embora ninguém soubesse o que trouxera a estrela. Um dia o homem resolveu escalar a montanha. Um menininha da aldeia insistiu em ir com ele. O dia estava quente e logo os dois estavam com sede. Ele insistiu para que a criança bebesse, mas ela disse que não beberia, a menos que ele também bebesse. O pobre homem ficou em dilema. Detestava quebrar o jejum; mas detestava ver a criança passar sede. Finalmente, ele bebeu, e a criança bebeu com ele. Durante um longo tempo ele não ousou olhar para o céu, pois temia que a estrela tivesse desaparecido. Assim, imaginem surpresa sua quando, ao olhar para o alto depois de algum tempo, viu duas estrelas brilhando acima da montanha. Anthony de Mello, i
Sendo um verdadeiro filósofo, Sócrates acreditava que a pessoa sábia instintivamente levaria uma vida parcimoniosa. Ele próprio nem mesmo usava sapatos; contudo constantemente sentia-se atraído pelo mercado, onde ia, com frequência, olhar todas as mercadorias expostas. Quando um dos seus amigos perguntou porque fazia isso, Sócrates respondeu: - Adoro ir até lá e descobrir que sou perfeitamente feliz sem todo aquele amontoado de coisas. A espiritualidade não é saber o que se quer, mas sim entender do que não se precisa. Anthony de Mello, in O ENIGMA DO HOMEM ILUMINADO
Os amigos não defendem apenas o nosso sorriso: oferecem-nos o tempo para chorarmos o que temos de chorar. José Tolentino Mendonça
"...que o Espírito esteja aqui, esteja em cada um de nós, isso não impede que ele possa estar também noutra parte, pois Ele está na proximidade e na distância. Muitas vezes, o Espírito está no que é familiar e, muitas vezes, o Espírito está no que é diferente. Ele é sempre excesso e não se deixa possuir, nem encerrar e não se mantém num lugar senão para chegar mais adiante, sem nunca se retirar de onde vem." Joseph Moingt
Estamos graves a ir por esse longe que vem ao nosso encontro. E assim ir e vir resumem ver como vai sendo feliz o tempo que o tempo tem. Mas o tempo tem-se a si somente quando refém da palavra que o diz. Dizê-lo deixa-o, porém, exposto a um vento sem fim, que venta sem fim. Amen. Fernando Echevarría in  Lugar de Estudo , Editora Afrontamento (2009)   «Tudo tem o seu tempo. Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu»  [Ecl 3,1]   Num tempo de  correria , um amigo dizia-me: "correr em si não é errado; depende apenas do modo como o fazemos". É, para mim, um desafio/exigência constante viver verdadeiramente  o tempo que o tempo tem , sem o esvaziar quando, ao nomeá-lo, o quero dominar. Sónia Monteiro http://www.essejota.net/index.php?a=vnrhrlqqvkuivvqluprhrsqhutrhqqqkqruiqjrururlqsrnvvqnqlqrvrqjrurn
- "A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades" [ Millôr Fernandes ]
Perdão! Eu distraí-me ao receber a Extrema-Unção. Enquanto a voz do padre zumbia como um besouro eu pensava era nos meus primeiros sapatos que continuavam andando que continuam andando - rotos e felizes! - por essas estradas do mundo. Mario Quintana (1906-1994)

Cascas de banana?

É obra conhecer as nossas dificuldades articular a alma num problema difícil de palavras-cruzadas, umas vezes na vertical, outras na horizontal, passando a cada passo por uns grandes quadrados negros, tropeçando em amigos esquecidos. Circunspectos habitualmente por vezes insinceros cheios de marcas de pancadas surdas. Perguntamos como foi e uns dizem que escorregaram na banheira e outros dizem que escorregaram na rua, esta terra anda cheia de cascas de banana. michális ganas (n. 1943) «akáthistos deipnos» atenas, 1985 tradução de manuel resende

Baptismo

Deus já me disse "Bom Dia!".
É necessário que perante a multidão dos caminhos percorridos e a percorrer cada um nós diga: "Eu sou o caminho que percorro". José Tolentino Mendonça, in NENHUM CAMINHO SERÁ LONGO.
Emaús é um pouco o carrinho de mão, as pás e as enxadas antes das bandeiras. Uma espécie de carburante social com base na recuperação dos homens espezinhados. Todo o movimento reside nesta ideia: salvamo-nos quando nos tornamos salvadores. Abbé Pierre, em 1954, sobre a organização Emaús, que fundou

RR 16.01.2013

Gosto da Festa do Batismo de Jesus. Sei do meu Batismo, do Batismo dos meus filhos, do Batismo dos meus netos. Sei daquela toalha de linho já poída. Vou buscá-la à arca onde se guardam tais tesouros. Lavo-a com cuidado. Gestos repetidos, gestos novos. Pois na Festa do Batismo do Senhor, gosto de ouvir o celebrante lembrar-nos que não fomos batizados, mas que somos batizados. Gosto depois de o dizer para mim e de o dizer pelas ruas da cidade. Não me lembro de os meus pais me terem levado a baptizar. Tenho aquela fotografia pequena, a preto e branco, em que, entre rostos sorridentes, se vê um embrulhinho branco que sou eu. Mais tarde, quase adulta, foi a minha vez de querer para meu Senhor, Jesus de Nazaré, esse Jesus que pela vida passou fazendo o bem. Seduziu-me assim, fazendo o bem . E sonho e quero que cada um dos meus dias tenha um gesto, ainda que só um gesto, que se pareça com os Seus. Por Tua graça, ensina-me, Senhor, o jeito desse gesto. Maria Teresa Frazão
Com mãos se faz a paz se faz a guerra Com mãos tudo se faz e se desfaz Com mãos se faz o poema ─ e são de terra. Com mãos se faz a guerra ─ e são a paz. Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra. Não são de pedra estas casas mas de mãos. E estão no fruto e na palavra as mãos que são o canto e são as armas. E cravam-se no Tempo como farpas as mãos que vês nas coisas transformadas. Folhas que vão no vento: verdes harpas. De mãos é cada flor cada cidade. Ninguém pode vencer estas espadas: nas tuas mãos começa a liberdade. manuel alegre o canto e as armas europa-américa 1979
Nosso maior medo não é o de sermos inadequados. Nosso maior medo é o de sermos poderosos além da medida. É a nossa luz, não nossa escuridão, o que mais nos apavora. Perguntamos a nós mesmos: Quem sou eu para ser brilhante, esplêndido, talentoso e fabuloso? Na verdade, porque não serás? És um filho de Deus. Diminuíres-te não serve ao mundo. Nada nos esclarece no sentido de nos diminuirmos, para que outras pessoas não se sintam inseguras em torno de nós. Nascemos para tornar manifesta a glória de Deus que está dentro de nós. Ele não está em alguns de nós: está em todos nós. E quando deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos a outras pessoas permissão para fazer o mesmo. Quando nos libertamos do nosso próprio medo, a nossa presença automaticamente liberta outros. Nelson Mandela extraído do Discurso de Posse de 1994
E alguém me leve pela mão por uma realidade feita da minha vida e de coisas reais a que pertencemos eu e o que pensa. Manuel António Pina

és tu quem faz crescer o que se alcança

Senhor, nós te cantamos porque és bom e cantar-te reergue o nosso instante tu reconstróis a vida que se perde e dás força ao corpo que vacila à tua portas e sentam os teus pobres porque libertas do medo e do poder és tu que levantas o oprimido e afundas o opressor na sua trama celebremos o nome do Senhor cantemo-lo com todos os sentidos é Deus a água fresca a que se vai nós somos o lameiro do Senhor és tu quem faz crescer o que se alcança e as raras flores que vingam no deserto és tu que dás o ferro ao nosso braço e o fogo do combate à nossa mão Deus que em nossa areia te figuras e em nosso rio sugeres salmos de água Fica em nossas tendas uma noite a pausa breve do dom e da alegria J. A. Mourão
Os homens precisam de mimo Ainda o amor “Só que o amor anda espantosamente acossado nos dias que correm. É algo que tem vindo a cair a pique” 15h00 Nº de votos  (5) Comentários  (0) Por: João Miguel Tavares. Jornalista (jmtavares@cmjornal.pt ) Posso voltar a falar de amor? Na semana passada dei--me conta de que escrevo textos atrás de textos sobre a família e a loucura que é criar quatro filhos, e me esqueço quase sempre de falar daquilo que está na base de tudo isso, e sem a qual nada disto seria possível: o amor de duas pessoas. Quem conhece esta página sabe que ela é uma coleção impressionante de desabafos e frustrações, de queixas atrás de queixas. Mas queixarmo-nos é soltar o vapor que nos consome sem sairmos do mesmo sítio. Quer dizer: protestamos, gritamos, choramos – mas permanecemos. E essa permanência só é possível se acharmos que é aqui, no meio da loucura, dos gritos e até do sofrimento, que somos mais felizes. A vida, a rotina mais cansativa, o quotidiano
"É isso que faz a beleza do deserto: saber que existe um oásis e que estamos caminhando na sua direcção". (Antoine de Saint-Exupéry, 1900 - 1944)
Nem ninguém é tão feliz que não precise de dar alguma coisa... http://beijo-de-mulata.blogspot.pt/2013/01/vozes-brancas-dar-e-receber.html

Ontem fui mais além...

Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos. Santo Agostinho

«Ele nunca saiu de cá» RR 11.01.2013

«Ele nunca saiu de cá»  Foi esta a resposta de um escritor português  à pergunta : «O que diria Jesus se regressasse à Terra?» E a resposta inquietou-me.  Porque, sabendo eu que é esta a verdade,  e que é esta verdade que me sustenta e dá significado à minha vida,  não sei se teria tido a mesma clarividência de o afirmar. O que provoca em mim uma outra pergunta  que é a de saber o que diz a minha vida sobre esta certeza  de acreditar num Deus que permanece meu contemporâneo. É certo que quem me conhece sabe bem em Quem acredito,  e que Deus é central na minha vida.  O que me preocupa mesmo é saber se vivo como quem acredita,  se o que digo e o que faço corresponde ao que Deus espera de mim, para que os que comigo se cruzam O possam encontrar. O meu desafio é assim, o de conformar a minha vontade com a Sua vontade,  querer para mim o que Ele quer,  desejar o que Ele deseja,  fazer como Ele faz,  amar como Ele ama. Não é fácil, pode rasgar o meu coração, é um trabalho para uma vida… mas

não há outro que conhece tudo o que acontece em mim

Se eu voar sem saber onde vou se eu andar sem conhecer quem sou se eu falar e a voz soar com a amanhã eu sei... se eu beber dessa luz que apaga a noite em mim? e se um dia eu disser que já não quero estar aqui? só Deus sabe o que virá só Deus sabe o que será não há outro que conhece? tudo o que acontece em mim se a tristeza é mais profunda que a dor se este dia já não tem sabor e no pensar que tudo isto já pensei eu sei... se eu beber dessa luz que apaga a noite em mim? e se um dia eu disser que já não quero estar aqui na incerteza de saber? o que fazer, o que querer mesmo sem nunca pensar que um dia o vá expressar não há outro que conhece tudo o que acontece em mim Sara Tavares

Abre meus olhos, meu Senhor, RR 10.01.2013

Abre meus olhos, meu Senhor, e verei a noite;  abre meus olhos, meu Senhor, e verei a dor;  abre meus olhos, meu Senhor, e verei, a ausência;  abre meus olhos, meu Senhor, e verei o abandono;  abre meus olhos, meu Senhor, e verei os olhares gélidos do mundo; abre meus olhos, meu Senhor, e verei as mãos famintas;  abre meus olhos, meu Senhor, e verei a injustiça;  abre meus olhos, meu Senhor, e verei a humilhação;  abre meus olhos, meu Senhor, e verei a opressão. Abre meus olhos, meu Senhor, para que eu veja a luz e cuide da luz que ilumina a noite, que suaviza a dor, que se torna presença, que fortalece os laços, que acompanha a justiça, que exige o respeito, que sacia as fomes, que mostra o caminho da liberdade. Abre meus olhos, meu Senhor, para que eu veja a luz “terna e suave no meio da noite”; a “luz terna e suave” que és tu. Isabel Varanda
Um Padre, certo dia, perguntava a um grupo de crianças, numa turma: "Se os homens bons, no mundo, fossem brancos e fossem negras as pessoas más, vocês que estão aqui, que cor teriam?". E a pequena Maria respondeu: "Acho que seria às riscas...!". Anthony de Mello, in O CANTO DO PÁSSARO
Primeiro pára, senta-te e pensa o que pretendes de bem. Depois, pondera, não as hipóteses teóricas, mas as possibilidades reais. Então, entre duas realidades, podes escolher a melhor. Discernir não é descobrir a única hipótese boa, é decidir, entre coisas boas, qual é a melhor, a mais construtiva para si e para os outros. Se é fácil ou difícil, isso não conta. NÃO HÁ SOLUÇÕES, HÁ CAMINHOS 365 vezes por ano não perguntes porquê, mas para quê Vasco P. Magalhães, sj Edições Tenacitas www.tenacitas.pt http://www.facebook.com/edicoes.tenacitas

Hoje fui mais além...Hoje conheci ;-)

- Conhecer (em francês connaître) deriva de "nascer com". Dá que pensar e faz-nos regressar a Anthony de Mello , à conversão como novo nascimento: "Conhecer realmente quer dizer: ser transformado por aquilo que se conhece." - Tens cinco pães, ideal seria teres muitos mais, mas não tens. Os ideais tanto matam que chegam ao ponto de não conseguir matar a(s) fomes, chamemos-lhe o cúmulo infernal da eficácia.  Tens cinco, então começa com os cinco tens.

...e não é que deu certo?

Sonho tanto com isto. Um dia vou ser eu.

http://www.seleccoes.pt/beijo-de-mulata Hoje, quase com a especialidade de Pediatria terminada,  tem o vício da solidariedade agarrado ao corpo .   Não sonhava com a Medicina desde o berço. Quando lhe faziam a pergunta sacramental respondia que queria ser cientista. Queria ser investigadora. Depois, quando entrou para medicina, ia ainda com dúvidas. «Eu era mesmo apaixonada pela ciência. Acho que a única coisa em que eu acreditava era na segunda lei da termodinâmica!» Hoje ri-se ao recordar esses desejos antigos: «Como é que eu podia achar que ia ser feliz dentro de um laboratório? Como?» A pergunta faz tanto mais sentido quanto mais se desenrola o novelo da sua vida.  Patrícia Lopes tem 32 anos e é médica . O gosto pela Medicina fez-se como se faz o caminho: caminhando.  O desejo de ajudar os outros, porém, foi crescendo a uma velocidade maior, mais fervilhante . Por isso, no 5.° ano do curso, em 2003, Patrícia estava impaciente: «Sentia que já tinha estudado muito, e que
O mar é uma ótima imagem da vida. Podemos, por exemplo, querer entrar no mar e encontrar-nos diante de ondas de grande dimensão. Aceitar a realidade não é levar com as ondas; nem deixar-se arrastar por elas. Aceitar as ondas é olhá-las de frente e preparar a reação mais adequada. Além disso, há quem nos queira convencer de que as ondas são toda a realidade. Temos que nos lembrar de que são apenas parte dela: por muito altas e assustadoras que sejam, felizmente há muito oceano para lá e por debaixo das ondas. Ver para além do olhar Facebook
E era como se caminhássemos sobre a lua e o vento de Agosto nos juntasse lado a lado, quando já não há degraus. Manuel de Freitas

Boneca de Sal

A boneca de sal vagueou pela terra até chegar ao mar, onde ficou absorta a contemplar aquela massa imensa de água inquieta que ela nunca vira. "Quem és tu?" pergunta a boneca ao mar. "Entra e vê" - diz o mar sorrindo. Dito e feito, ela foi mar dentro e quanto mais entrava, mais se dissolvia até restar só um pouco do seu corpo. Antes de derreter totalmente a Boneca exclamou admirada: "Agora já sei quem sou". Anthony de Mello, in O CANTO DO PÁSSARO
“Dá-me amor, sorri para mim e ajuda-me a ser bom. Não te firas em mim, seria inútil; Não me firas a mim, porque te feres.” (Pablo Neruda)