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A mostrar mensagens de fevereiro, 2012
A necessidade de Deus (e de Cristo) Henrique Raposo ( www.expresso.pt ) 8:00  Quinta feira, 29 de dezembro de 2011  O ar do tempo acha que é completamente independente do cristianismo. O ar do tempo está errado. Mesmo que não acredite no mistério pascal (como eu o percebo), mesmo que não seja um cristão de fé, o cidadão ali da rua é um cristão cultural, educado numa cultura de direitos que só cresceu na civilização judaico-cristã.  Tal como defende Nicholas Wolterstorff, os tais "direitos inalienáveis" (a base ética e constitucional das nossas vidinhas) têm uma raiz bíblica . Por outras palavras, o Direito Natural precisa de uma base religiosa, precisa de uma comunicação com a transcendência divina. Porquê? A resposta não é simples, mas aqui vai: sem uma noção de transcendência, sem algo que nos liberte da prisão do aqui-e-agora, o poder político fica com as portas abertas para limitar os direitos inalienáveis dos indivíduos. Não por acaso, os regimes tot
Deus não é para o bico da ciência Henrique Raposo (www.expresso.pt) 8:00  Sexta feira, 24 de fevereiro de 2012 Antony Flew (1923-2010) não foi um ateu de garagem. Flew foi o Dawkins do século XX, o líder do ateísmo que se julgava legitimado pela ciência. É por isso que a sua conversão foi um acontecimento tão polémico.  Deus existe  é a explicação dessa polémica descoberta. O grande motor da mudança? A teoria do Big Bang. Steiner diz, algures em  Gramáticas da Criação , que a teoria do Big Bang é a tradução científica do livro do Génesis. Flew navegou por águas similares. Para este filósofo britânico, a teoria do Big Bang fornece a prova científica para aquilo que São Tomás de Aquino considerava inacessível ao conceito de prova : o começo do universo. Enquanto pensou que o universo era  apenas  um espaço ilimitado mas atemporal (sem um começo), Flew encarou o dito universo como um conjunto de factos fechado e à mercê de uma ciência toda-poderosa. Mas tudo mudou com o Big

O juiz que lê

No início da sexta temporada,  Dexter  comenta, só para nós ouvirmos, que um homem talvez seja capaz de mudar; um monstro, não. Thomas Willmore,  juiz num tribunal do Utah , parece ter apostado na primeira ideia ao adoptar uma estratégia original para reabilitar jovens que tenham cometido o primeiro crime. Além da pena de prisão, o juiz Willmore dá livros aos condenados e pede-lhes que escrevam e lhe mostrem uma página ou duas sobre o livro que acabaram de ler. A obra que mais recomenda é, nem de propósito, sobre um caso de reabilitação: « Les Miserábles , de Victor Hugo. Willmore não é ingénuo ao ponto de acreditar que uma pessoa mude de comportamento por causa de um livro, mas as redacções que lhe chegam indicam que a reflexão sobre a própria condição do preso e o acto cometido, que o levou à cadeia, tem efeitos benéficos nalguns criminosos. Parece claro que o que importa não é apenas a leitura feita pelo preso, mas o facto de pensar sobre o que lê, escrevendo sobre si. Ainda por c
Depois de termos aprendido a viver com o nosso verdadeiro eu, nunca mais conseguimos voltar a satisfazer-nos com a nossa falsa identidade: esta parece-nos completamente disparatada e superficial. Richard Rohr, ofm
Quási Um pouco mais de sol - eu era brasa,  Um pouco mais de azul - eu era além.  Para atingir, faltou-me um golpe d'asa...  Se ao menos eu permanecesse àquem...  Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído  Num baixo mar enganador de espuma;  E o grande sonho despertado em bruma,  O grande sonho - ó dôr! - quási vivido...  Quási o amor, quási o triunfo e a chama,  Quási o princípio e o fim - quási a expansão...  Mas na minh'alma tudo se derrama...  Entanto nada foi só ilusão!  De tudo houve um começo... e tudo errou...  - Ai a dôr de ser-quási, dor sem fim... -  Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,  Asa que se elançou mas não voou...  Momentos d'alma que desbaratei...  Templos aonde nunca pus um altar...  Rios que perdi sem os levar ao mar...  Ansias que foram mas que não fixei...  Se me vagueio, encontro só indicios...  Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;  E mãos de herói, sem fé, acobardadas,  Puseram grades sôbre os precipícios...  Num impeto difuso de quebranto,  T
“Ao invés de sofrer pelo o que está errado, seja feliz fazendo algo para consertar” -  Frase escrita pelos internos do Hospital Psiquiátrio São Pedro, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
A dor… 27 de Fevereiro Ocorre-me, nesta manhã, as palavras: "a dor não é alguma coisa que nos acontece, mas o que somos" (C. Lispector). Sim, todos somos alegria, mas também perturbação. Todos temos os nossos dias de paz, mas também inquietação. Todos conhecemos o empenho, mas também desânimo… E esta nossa condição; a única possível, já que ela é o que existe, e não outra. Não tentemos disfarçar ou mascarar… esconder-nos do que nos torna verdadeiramente seres humanos. Abracemos a nossa vida, como quem abraça um amor, já que "vivê-la é a nossa paixão" e a nossa simples condição humana foi e é "a paixão de Cristo" (C. Lispector). Olhemos para este tempo de Quaresma como um tempo de paixão; um tempo para reparar no imenso AMOR que nos habita e, sem que nos demos conta, nos leva pela mão…  Ir. Luísa Almendra http://rr.sapo.pt/rubricas_detalhe.aspx?fid=70&did=51829
Amor é querer ser banhado pelo carinho do outro... Amor é banhar-se na ternura dos dois... Amor é mergulhar na intensidade dos abraços... Amor é vir à tona para desejar outro mergulho... Amor é sentir na pele a brisa da paixão... Amor é como o mar, que se desdobra na areia beijando, só para a ver sonhar!   http://beleza-escondida.blogspot.com/2012/02/amor-e.html
É a fuga da presa que engrandece o caçador. O ficar imóvel é o mais astuto modo de enfrentar o predador: deixar de ter dimensão, converter-se em areia no deserto. Desaparecer para fazer o outro se extinguir. Mia Couto, in O Outro Pé da Sereia
«Num Caminho, seja vereda, ponte ou destino, o que importa, em primeiro lugar, vem do que por lá passa. Depois, porque permite ao que passa, passar de um lugar para um outro. Caminhar, ir mais longe, só é possível graças ao fogo que anima as mais íntimas disposições». A Sombra da Flecha, Manuel Zimbro
Público 2012-02-25 Miguel Esteves Cardoso Na quinta-feira vimos duas, primeiras papoilas. Eram pobres coisas, mais a caminho da morte do que do fulgor, mas eram pioneiras da Primavera. Parámos o carro e fartámo-nos de fotografá-las. Nas fotografias ficaram menos feias. Apareceram também umas moscas. Estavam desorientadas e nem sequer sabiam chatear. Eram mosquinhas suspensas no ar, como se numa peça infantil, pouco convincentes mas inofensivas. E vi um aranhiço recém-nascido na palma da minha mão. Esperam-se as andorinhas a qualquer momento. Onde é que elas voam? 23 de Fevereiro há-de ficar como o dia mais bonito desde Novembro passado. Foi uma tarde para guardar na memória, como promessa do que aí vem, quando levarmos com as chuvadas que andamos há meses a adiar. O meu sogro Joaquim morreu no dia 23 de Fevereiro de 2008. No dia em que foi enterrado choveu em Lisboa como eu nunca tinha visto: uma chuva grossa que batia na terra, como se a odiasse. Passou a ser um dia infeliz. Mas

Fazem caminho cá por dentro

“Pai Celeste! Como escutas o pedido do pão de cada dia da parte dos que temos pão garantido para o ano todo e até para toda a vida? Como escutas o pedido do pão de cada dia da parte dos que, tantas vezes, veem o dia acabar, sem que chegue o pão!?... O grave é que se temos pão para o mês inteiro, para o ano todo, ou para toda a vida, é porque direta ou indiretamente tiramos o pão de cada dia da boca de muita gente! Pai, que a ninguém falte o pão de cada dia! Amém!” Oração de Dom Hélder Câmara
Para mim, a fé é uma maneira bem determinada de ver e entender a minha vida. Quando alguém me diz que não consegue crer, que está muito distante da fé, que ela não lhe diz nada, eu não tento transmitir-lhe nem explicar-lhe as verdades da fé. Em vez disso pergunto: Como vê a sua vida? Como vê o mundo? E então eu mostro que ele tem uma bem determinada interpretação da vida e do mundo. Anselm Grun,  Dimensões da fé , Vozes, p. 33 http://tribodejacob.blogspot.com/2012/02/uma-maneira-bem-determinada-de-ver-e.html
Todos somos chamados, pelo menos uma vez, a desempenhar um papel que nos supera. É nesse momento que justificamos o resto da vida, perdida no desempenho de pequenos papéis indignos do que somos. Luís de Sttau Monteiro, in Felizmente há luar
Ser peregrino... É largar o conforto dos passos dados e dos lugares conquistados  É saber que uma grande caminhada  começa sempre com um pequeno passo É não saber o que o espera  mas confiar no que há-de vir É deixar tudo para trás, tudo o que lhe pesa no andar  É dar passos em frente que são sempre passos para dentro É aguentar subidas íngremes e descansar nas descidas É suportar e saborear o sol, a chuva,  o calor, o vento, o frio É não saber nunca  quanto falta para chegar É integrar os sofrimentos e a dores como parte do caminho É saber como continuar  quando a firmeza falha nos passos É ter a humildade de pedir ajuda quando sozinho já não pode mais É ter a humildade de não continuar  quando não pode mesmo continuar É alternar o olhar entre o chão que pisa e o destino que procura É saber que cada espaço alcançado é um lugar interior descoberto É correr para a meta,  sabendo que é novo ponto de partida Ser peregrino? Ser peregrino é caminhar em direcção a um santuário e descobrir qu

O que são as Cinzas?

Repugna-me a mim e imagino que repugne à maior parte das pessoas. Mas como por detrás de uma grande repugnância pode estar uma grande verdade, prefiro falar dela em vez de ficar calado. Parece-me que a experiência espiritual, se levada a sério, mais tarde ou mais cedo nos levará a lugares interiores onde nos esperam experiências de morte. Não mortes biológicas. Não mortes únicas. Mas mortes interiores. Cíclicas. Uma espécie de incêndios que nos varrem por dentro sem nada podermos fazer, impotentes. Posso tentar descrever estas mortes. Uma é a do contacto com os meus próprios limites. Para me contentar e confortar dou por mim tantas vezes à procura de satisfações e mais satisfações superficiais tentando preencher o vazio interior. Mas tudo se revela demasiado insuficiente. Há sempre um vazio que nem os mails, nem os SMS’s, nem os centros comerciais, nem os abraços, nem o futebol, nem o chocolate, nem os elogios podem preencher. Tudo isso se volatiliza perante o fogo. Então percebo
É um história triste e sem fim feliz à vista. Conto-a, porque me parece que ela encera uma lição útil: nunca devemos amar em silêncio, nada é mais perigoso do que dividir com outrém os pensamentos vividos em silêncio. Um amor feliz precisa do turbilhão das palavras, das frases aparentemente inúteis e sem sentido, precisa de adjectivos, de elogios, do ruído das banalidades. Não há felicidade que não seja tantas vezes fútil, tantas vezes inútil. Miguel Sousa Tavares, in Não te deixarei morrer, David Crockettt 
Em Setembro virão as marés vivas e depois o Outono começará a despir as árvores, antes que um céu plúmbeo abata sobre nós e uma chuva sem remorsos varra da nossa pele os últimos vestígios de sal. A partir daí ficamos à espera, outra vez. Pelos céus azuis, pelos peixes prateados, pela limpidez da água, pelos risos das crianças. Não quero que desesperes na espera: haverá sempre Verão, sempre, para além de nós mesmos, e por mais demorado que seja o regresso. Miguel Sousa Tavares, in Não te deixarei morrer, David Crockett
Olha, se porventura um 14º andar em Manhattan pode fazer as vezes de uma montanha e se te faltar interlocutor para a tua causa (a solidão só vale a pena se tiver espectadores para a admirarem...) vem cá fazer-me uma visita . Mas não venhas nem na época do cio nem da caça. Vem quando não tiveres nenhuma razão especial para vir: diz-me a experiência que são essas ocasiões que fazem os amigos. Miguel Sousa Tavares,  in Não te deixarei morrer, David Crockett

Seria preferível?

Não é bem uma fuga, mas uma trégua: viver também cansa. Viver, como nós vivemos hoje em dia as relações, é um sufoco ou é um inevitável vazio. "Antes a solidão, que é inteira", como dizia o Rilke. Miguel Sousa Tavares, in Não te deixarei morrer, David Crockett
"Foi um processo longo e difícil, como sempre são as aproximações entre duas pessoas habituadas a estarem sozinhas. Primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça, a vontade de ser feliz que cala as dúvidas e os medos. Mas depois é cabeça que trava o coração, as pequenas coisas que parecem derrotar as grandes, um sufoco inexplicável que parece instalar-se onde dantes estava a intimidade. É preciso saber passar tudo isso e conseguir chegar mais além, onde a cumplicidade - de tudo, o mais difícil de atingir - os torna verdadeiramente amantes." A passagem Miguel Sousa Tavares, in Não te deixarei morrer, David Crockett
A Quaresma é um tempo de deserto. Esse lugar único onde se pode fazer a experiência do “nada”:        Só se ouve o vento… e olhando em volta, só terra seca e árida.        Levantando o olhar, só céu… limpo e azul.        No meio da aridez que nos fecha o horizonte, a alternativa é o céu. Assim reduzido ao nada, fico entregue a mim próprio,        à minha finitude, à minha pequenez, à minha pobreza,        à minha impotência… à verdade de mim mesmo.        Porém, dentro de mim grita-me o coração que esta solidão é desumana,        que não fui feito para ela. Será que estou só? E ponho-me a caminho vida-adentro e história-fora,        em busca da minha origem e da Origem das origens,        do sentido da vida e do significado do instante.        Quem sou, donde venho e para onde vou?        Que sede é esta que me queima?        Que inquietude é esta que me faz bater o coração? E a vida vai-se desenrolando até ao ontem mais ontem de que me lembro.        E surgem datas e momentos, reenc
O consultor de uma congregação organizou os cinco «não» para se sobreviver na  Cúria : Não penses. Se pensas, não fales. Se pensas e falas, não escrevas. Se pensas e falas e escreves, não assines como teu tome. Se pensas e falas e escreves e assinas como teu nome, não fiques surpreendido. Lido em Thomas J. Reese, "No Interior do Vaticano", Publicações Europa-América, p. 197  (Thomas J. Reese é padre jesuíta).

Ai, Maria João

Por Miguel Esteves Cardoso Quando nos apaixonamos, ou estamos prestes a apaixonar-nos, qualquer coisinha que essa pessoa faz - se nos toca na mão ou diz que foi bom ver-nos, sem nós sabermos sequer se é verdade ou se quer dizer alguma coisa - ela levanta-nos pela alma e põe-nos a cabeça a voar, tonta de tão feliz e feliz de tão tonta. E, logo no momento seguinte, larga-nos a mão, vira a cara e espezinha-nos o coração, matando a vida e o mundo e o mundo e a vida que tínhamos imaginado para os dois. Lembro-me, quando comecei a apaixonar-me pela Maria João, da exaltação e do desespero que traziam essas importantíssimas banalidades. Lembro-me porque ainda agora as senti. Não faz sentido dizer que estou apaixonado por ela há quinze anos. Ou ontem. Ainda estou a apaixonar-me. Gosto mais de estar com ela a fazer as coisas mais chatas do mundo do que estar sozinho ou com qualquer outra pessoa a fazer as coisas mais divertidas. As coisas continuam a ser chatas mas é estar com ela que é d
“ People take different roads seeking fulfillment and happiness. Just because they’re not on your road doesn’t mean they’ve gotten lost. ” — H. Jackson Browne
Senhor, recebe-me na minha indignidade, mas não me julgues. Deixa-me passar sem julgamento. Não me condenes, pois me condenei a mim mesmo. Não me condenes, porque te amo, Senhor. Sou vil, mas amo-te. Manda-me para o Inferno e continuarei a amar-te e gritar-te-ei lá de baixo que o meu amor há de durar pelos séculos dos séculos. Fedor Dostoiévski  (1821-1881)
Dia dos Namorados: sentimentos, olhares e afetos Verdade, verdade é que os sentimentos são um atraso de vida. Paralisam ou põem tudo em rodopio. Estremecem. Tiram de órbita. Afundam e ressuscitam. Fazem rodar as quatro estações. Na mesma tarde. Acreditam? Verdade, verdade é que os sentimentos atrasam. Deixam o trabalho para depois. Despistam. Aproximam o pó das estrelas e distanciam o pó das sebentas. Que fazer? Suspiros. Olhares. Olhinhos. A linguagem passa perigosamente ao estado diminutivo sempre que os sentimentos perigosamente se expandem. O pior é que nem pela ironia se dá. Mas a verdade, a grande verdade é que os sentimentos interessam. Tornam-nos gente. Ensinam-nos a ser. Pedem de nós o que trazemos de único e de irrepetível. E preparam-nos para querer, para desejar receber o mesmo. Do outro. Da outra. Um comércio puro, gratuito. Tão diferente, tão distante dos rotineiros comércios. (...) Caxemira A qualidade do nosso estar, aqui ou noutro lado, as coisas que temos