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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2017
mais um dia e já os encho de beijos Timor 2017
Passei a vida inteira a querer interpretar-te - Oh! delicioso desperdício! - e nem sequer era por amor. Quero dizer, não era por causa daquela coisa que põe as pessoas numa exaltação de posse e de sexo. Através de ti eu existia antes de ter nascido, no vocabulário áspero e secreto de uma guerra que já não me pertenceu - moita carrasco, gatilhos olvidados, o tanas. Nem naquela noite em que despejámos sozinhos a tua preciosa garrafa de whisky velho irlandês e ficámos a ver a primeira demão do sol sobre os telhados de Lisboa nos ocorreu, sequer por um segundo, experimentar isso a que chamam vertigem do corpo. De certa maneira, sabíamos de cor o corpo um do outro; trocámos inibições e desaires como os miúdos trocam cromos. Mais do que alegria, era uma espécie de orgulho que nos estonteava nessa troca de intimidades funestas. Sem dormir contigo, aprendi de ti as vitórias e misérias de um homem, o rigor turbulento do prazer, o pavor de falhar, a relatividade das entregas como regra de entreg
Pensaste em mim enquanto morrias? Dava muito dinheiro por essa resposta - desde que fosse a verdade. Porque há a verdade - não é tudo tão relativo como tu querias ensinar-me. Há a verdade, e era isso o que nos unia; que houvesse a verdade, navio absoluto. Inês Pedrosa Fazes-me falta
Creio que nunca te vi doente - a não ser de amor. Cultivavas o vício da paixão com um método implacável. Corrias em contra-relógio. Procuravas a imobilidade de um tempo-pedra que já era o teu. O nosso - mas como podíamos dizê-lo, se tínhamos de continuar vivos? Nos breves dias em que vivias desapaixonada, tornavas-te impossível. Nada te entusiasmava. Inês Pedrosa Fazes-me falta
Tu dizias que era ao contrário: que Deus nasce da ignorância própria dos sofrimentos prematuros. Mas tu, meu aluno dileto, cedo te deixaste povoar pelo excesso do saber. Deus não sabia nada do Universo quando o criou. Imagino que se sentiria só. Imagino que num momento impreciso essa solidão se terá tornado maior do que Ele próprio, estourando numa gigantesca flor de luz. E imagino-O, depois, tentando dar um sentido particular a cada uma das pétalas dessa luz dispersa. Inês Pedrosa Fazes-me falta

When I need to get home, You're my guiding light, You're my guiding light.

Well the road is wide, And waters run on either side, And my shadow went with fading light, Stretching out towards the night. 'Cause the Sun is low, And I yet have still so far to go, My lonely heart is beating so, Tired of the wonder. But there's a sign ahead, Though I think it's the same one again, And I'm thinking 'bout my only friend, And so I find my way home. When I need to get home You're my guiding light, You're my guiding light. When I need to get home, You're my guiding light, You're my guiding light. Well the air is cold, And yonder lies my sleeping soul, By the branches broke like bones, This weakened tree no longer holds. But the night is still, And I have not yet lost my will, Oh and I will keep on moving 'till, 'till I find my way home. When I need to get home, You're my guiding light, You're my guiding light. When I need to get home, You're my guiding light, You're my guiding light. When I need to get home, Y
Há espelhos em que nos encontramos Com outras roupas E a que trazemos vestidas são casualidades Com outro rosto E o que lavamos é cinza que sangra Com outro corpo E o que caminhamos é apenas destino Há espelhos que nos têm Melhores do que somos
A minha vida, Senhor, simples e direita como uma flauta para que possas enchê-la, enchê-la com a Tua música. A minha vida,Senhor, barro macio nas Tuas mãos, para que possas dar-lhe forma, a forma que quizeres. A minha vida,Senhor, semente livre no vento para que possas semeá-la, semeá-la onde quiseres. A minha vida,Senhor, madeira seca, para que possas acendê-la e arda para o pobre e para Ti! http://zimborios.blogspot.pt/2010/07/minha-vida-senhor-simples-e-direita.html

A nossa cruz

Todos temos a nossa cruz. Não há cruzes maiores ou mais pesadas, mais esfarpadas ou mais injustas, mas apenas diferentes. Diferente pela maneira como decidimos abraçá-la, diferente pelo modo como a carregamos, diferente pelo sentido que lhe damos. Nesta semana em que vivemos a semana maior, mais conhecida por semana santa, acompanhamos, com fervor renovado, a paixão, crucifixão e morte de Jesus Cristo, morte que foi, simultaneamente, fim e princípio. Morte que conduziu à passagem, significado da palavra Páscoa, da humanidade de Cristo e, em Cristo, de toda a humanidade, redimida e ressuscitada pelo Pai, que nos deu a conhecer, à sua glória eterna. Naquela cruz, que foi motivo de escárnio e troça por parte dos romanos, escândalo por parte dos judeus e loucura por parte dos gentios, esteve a maior prova de amor da qual comungaram o Filho que entregou, livremente, a sua vida por uma humanidade ferida, o Pai que o recebeu e ressuscitou, recebendo também a nós como seus filhos, e o Espírit
Quando Pedro diz “eu não conheço esse homem”, no fundo, está a dizer: “eu não me reconheço nesse Jesus Cristo frágil, vulnerável, impotente; não me reconheço nesse Jesus que se cala, e se deixa prender e maltratar”. E quem se poderia reconhecer em tal figura? A nossa tendência natural é juntar-nos aos fortes, aos poderosos, aos vencedores; temos aversão a toda a vulnerabilidade. Isso mostra como Jesus Cristo nunca poderia ser invenção humana. Nunca nos atreveríamos a pensar um Deus assim. Por isso, o melhor a fazer será: suspender o juízo, aceitar o incompreensível e acompanhar os acontecimentos: talvez aí a realidade nos alcance e nos dê a ver o que nunca vimos. Ver para além do olhar - Facebook

Resistência

Acredito muito na resistência pelos detalhes, começando pelas pequenas coisas. Aqui no gabinete detenho o título da secretária mais organizada, mudei várias vezes de escritório e de colegas ,mas mantive o título. Quando se trata de gestão de tempo ou organização os meus genes são mais alemães do que um icebergue nos polos e não é raro o dia em que não me peçam para ser personal coach. Fiquei a matutar nisto. A multiplicação de termos como coach diz tanto acerca dos adultos que alguns se tornaram. Vivemos uma era de adultos infantilizados que parecem precisar de alguém que lhe ensine a comer de forma saudável, a correr, a fazer amigos, a namorar, a organizar as gavetas. Ao reduzirmo-nos a adultos que precisam de amas – no fundo os coachs não passam de nannys – por total incapacidade de lidar com qualquer aspecto da vida, do sentimental ao profissional, de que prescindimos? Sobretudo da responsabilidade. E das escolhas que incluem frustrações e perdas por vezes. A vida é risco.“A fa
Não me perguntes, porque nada sei Da vida, Nem do amor, Nem de Deus, Nem da morte. Vivo, Amo, Acredito sem crer, E morro, antecipadamente Ressuscitando. O resto são palavras Que decorei De tanto as ouvir. E a palavra É o orgulho do silêncio envergonhado. Num tempo de ponteiros, agendado, Sem nada perguntar, Vê, sem tempo, o que vês Acontecer. E na minha mudez Aprende a adivinhar O que de mim não possas entender. Miguel Torga
Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr através desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre. Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer e renascer. Porque a minha força é imortal. José Luís Peixoto, Cemitério de Pianos

I'm a lost land in the blue

Sleeping knows no lie Wide awake or hides behind Your curtains in the morning Heavy drapes upon my mind Am I in too deep? Am I in too deep too soon? On the turn of a dime with the wind on a chime I'm a lost land in the blue I'm a lost land in the blue I'm a lost land in the blue Some things are best if kept in darkness Only true before the dawn Ghost ships, silent, deathly sting Before the canon storm Am I in too deep? Am I in too deep too soon? On the turn of a dime with the wind on a chime I'm a lost land in the blue I'm a lost land in the blue I'm a lost land in the blue I'm walking on the shore I'm walking 'neath the ocean blue I'm walking sometimes, somewhere It is beautiful Like a lost land in the blue Like a lost land in the blue Like a lost land in the blue Like a lost land in the blue
"Deus me deu um amor no tempo de madureza, quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme. Deus-ou foi talvez o Diabo-deu-me este amor maduro, e a um e outro agradeço, pois que tenho um amor. Pois que tenho um amor, volto aos mitos pretéritos e outros acrescento aos que amor já criou. Eis que eu mesmo me torno o mito mais radioso e talhado em penumbra sou e não sou, mas sou. Mas sou cada vez mais, eu que não me sabia e cansado de mim julgava que era o mundo um vácuo atormentado, um sistema de erros. Amanhecem de novo as antigas manhãs que não vivi jamais, pois jamais me sorriram. Mas me sorriam sempre atrás de tua sombra imensa e contraída como letra no muro e só hoje presente. Deus me deu um amor porque o mereci. De tantos que já tive ou tiveram em mim, o sumo se espremeu para fazer vinho ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo. E o tempo que levou uma rosa indecisa a tirar sua cor dessas chamas extintas era o tempo mais justo. Era tempo de terra. Onde não há jar
Se me obrigassem a dizer porque o amava, sinto que a minha única resposta seria: ''Porque era ele, porque era eu''. Michel de Montaigne
Terceira palavra de Cristo na Cruz, exclusiva de São João. Numa visão mais afectiva e devota poderia pensar-se que Maria seria uma preocupação para Jesus e, antes de morrer, entregava a sua mãe a João e João a sua mãe para que um guardasse o outro. De facto, ainda hoje em Éfeso, cidade onde se diz ter morrido São João, existe uma casa visitável, em que se diz que foi onde Nossa Senhora viveu os seus últimos anos, na companhia de São João. Mas a leitura interpretativa é bem mais teológica que afectiva. Maria é agora não só a mãe de Jesus mas a Mãe do Messias; por isso, esta entrega é simbólica de uma outra entrega, da Igreja a cada um de nós, simbolizado no discípulo amado, mas de nós a Maria, à Igreja, a Esposa, a Mãe. Junto à cruz começa uma nova maternidade: sem deixar de ser mãe de Jesus passa a ser, também, mãe da Igreja. Hoje, quero também entregar um rapaz aos cuidados de Maria. Irá precisar deles. E vou rezar por ele, para que encontre sempre na Igreja uma Mãe. ht
É doloroso por vezes chegar a casa, encostar o corpo, fechar as pálpebras e sentir que a cabeça é um quarto vazio, um desamor só e ferido, queimadura que chega ao coração Joaquim Pessoa
A sua cara está manchada por lágrimas maquilhadas. Eu e os outros aplaudimo-lo, sabendo que é de bom tom aprovar quando um palhaço chora e de mau tom quando o faz uma cara persistentemente dorida sejam ou não pintadas as suas lágrimas. Também é de bom tom, entre guerras, dizer que o ódio é amor e o amor é ódio, argumentar que tudo é mais complexo do que sonhámos e depois dizer que não o sonhámos sempre o soubemos e somos sensatos. Caro palhaço choroso caro velho infantil caro assassino gentil caro e inocente culpado cara simplicidade odeio-vos por causarem que eu finja que há vários mundos para uma verdade quando eu sei, eu sei que não há. Pessoas como eu e vocês, meus caros, que têm mau hálito, que adormecem e de intestinos ruidosos que controlam a fé que chegam à casa vazia ou entre a família, cara família, caro homem solitário no mundo despedaçado de nin- guém, será para essa desolação que acumulámos palavras durante tantos milhões de anos, desde o primeiro, geme
É tarde, nenhum sono repõe o que não vivi. É tarde, nenhum amanhã cura a antiga ferida que em nós sangra. Agora, que não há sonho posso, enfim, dormir. Agora é tarde demais para morrer. Agora, resta um único desfecho: de novo, acordar por dentro. E acordar sempre até que volte a ser cedo. Mia Couto
As coisas sonhadas só têm o lado de cá... Não se lhes pode ver o outro lado... Não se pode andar à roda delas... O mal das coisas da vida é que as podemos ir olhando por todos os lados... As coisas de sonho só têm o lado que vemos... Ter amores só puros como as nossas almas... s.d. Livro do Desassossego. Vol.I. Fernando Pessoa.

O amor liga o finito ao infinito

Para sermos felizes, o amor faz quase tudo e nós quase nada. Mas o amor só dá o seu quase tudo depois de nós darmos o nosso quase nada. O amor é a semente viva do nosso sangue. Aquilo que faz com que entreguemos o que somos e temos. Tudo. A vida e o tempo, sem atrasos ou grandes dúvidas. O amor é um reconhecimento de mim no outro e do outro em mim. Contemplar as profundidades escondidas do coração é admirar o céu que existe no mais íntimo do íntimo de todas as pessoas. É aí que se esconde e se revela o divino em cada um de nós. O amor exige-nos tudo. O nosso tudo que é pouco face ao tudo que será nosso se formos capazes de amar. Esperando contra todos os desesperos e sonhando apesar de todas as angústias. Quando alguém ama torna-se livre. Voa, por fim, aliviado do peso das coisas insignificantes a que tantos chamam essenciais. A felicidade não é o que acontece depois de se ter alcançado tudo o que se deseja. Passa, sim, pela capacidade de sermos gratos por aquilo que já temos e pela pa
Somos capazes de tudo, mesmo tudo, para escapar à dor. Até criar mundos paralelos. Resultado? Evadimo-nos da nossa interioridade e declaramos guerra à realidade. Com isso entramos em sofrimento e semeamos sofrimento à nossa volta. E enquanto teimamos nisso a situação arrasta-se: porque aquilo a que resistimos, persiste. Aquilo que não aceitamos, prende-nos. Aquilo de que fugimos, persegue-nos. E, enquanto preferimos gastar energias nessa resistência, nesse braço de ferro, nessa fuga, tudo bloqueia. A solução? É simples: devo aprender a aceitar, integrar e atravessar as dores próprias do caminho. Ver para além do olhar (facebook)