Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

Não, não tens o mar nos olhos Não, não tens Nem o horizonte, nem o vento Tens as estrelas, as planícies e os cajueiros PO
Aqui há tempos, num blogue "dedicado à poesia", vi-me deste modo referido: Rui Pires Cabral (1967- ) e confesso que a lacuna no parêntesis me causou certa impressão. Como os aborígenes do Outback australiano que não vêem as estrelas mas o espaço negro entre elas, também eu, por um instante, nada mais vi no ecrã que esse vazio. Porque era, na verdade, a minha morte que ali estava, na zelosa antecedência de um gravador de lápides virtuais. Não ignoro, claro está, que o meu dia há-de chegar (ou melhor, a minha noite), mas não deixa de ser estranho ver que alguém, algures na rede (e enquanto eu me desunho para me manter à tona, nos versos como na vida), já previne, calmamente, aquela segunda data que há-de preencher o hiato e completar o registo. Rui Pires Cabral
Sobes a um miradouro para ver tudo isto: talvez a cidade não seja assim tão branca mas também ocre e rosa e amarelo torrado, e gostes mais das ruas ao vê-las de cima, no seu desenho, e penses que o rio é mais azul quando surge ao fundo de uma rua, por entre as casas, e não assim, completo, e talvez vejas parques e igrejas que respiram a pequena azáfama diurna, e talvez nascer aqui tenha sido um acidente, e não guardes um vínculo mas uma afeição que nasce do hábito e da tranquilidade, e descubras que és um estranho entre as gentes (não conheces mais de um terço do que vês e chamas-lhe a tua cidade). Ainda assim sabes que há outros miradouros e que as pessoas aí também não olham para a cidade mas umas para as outras. Umas para as outras. Umas para as outras. Pedro Mexia
Não há que ter ilusões: nós também somos o fim da nossa estrada. Com estas mãos, com este mesmo coração é que chegamos ao cabo do futuro, à extrema condição que nos devolve ao lugar de onde partimos. Mas, entretanto, escrevamos. Rui Pires Cabral
“É preciso revigorar a consciência de que somos uma única família humana. Não há fronteiras nem barreiras políticas ou sociais que permitam isolar-nos e, por isso mesmo também não há espaço para a globalização da indiferença.”  Papa Francisco
Escreveria uma livro aqui. Não roubaria à descrição arrastada. Não trocaria o belo do real pela metáfora. Fosse grande o esmero, e parca a originalidade,  daria primeira numa de Eça  e aproveitaria a deixa com Sofia. A lua, daqui deste terraço, deve ser de ver e chorar de saudade. Ao Alqueva o que é do Alqueva. Monsaraz, Junho de 2019.
Nunca se definiu, nem definirá poesia. A poesia é, vive ou paira, existe ou não existe. E acompanha a vida. É talvez um acréscimo de vida como toda a arte. Uma maneira íntima de adivinhar as coisas, de fundir o ritmo do mundo com o ritmo da nossa alma, numa pura e estranha intuição da verdade. Francisco Sousa Tavares