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«Muitas vezes li que Deus é caridade, nunca li que fosse honra ou dignidade»: Igreja evoca S. Bernardo
© SNPC | 19.08.12
A Igreja Católica evoca esta segunda-feira, 20 de agosto, a memória de S. Bernardo. Nasceu no ano 1090 perto de Dijon (França) e cerca de 1112 foi admitido entre os Monges Cistercienses. Pouco tempo depois foi eleito abade do mosteiro de Claraval.
Com a sua atividade e exemplo exerceu notável influência na formação espiritual da congregação. Percorreu a Europa para restabelecer a paz e a unidade, ameaçada por cismas no interior da Igreja. Escreveu várias obras de teologia e ascética, incluindo o De Consideratione, que contém ensinamentos para poder ser um bom papa. Morreu em 1153.
«O amor a si mesmo plenamente se basta; quando entra em nós, envolve nele todos os outros sentimentos. A alma que ama, ama e nada sabe de outras coisas.
Muitas vezes li que Deus é caridade, nunca li que fosse honra ou dignidade. Não que Deus desdenhe a honra ou respeito; quer ser temido como soberano, honrado como pai, amado como esposo. Mas qual destes sentimentos domina os outros? O amor. O temor e a honra são despidos de graça e rejeitados por Deus se não forem adoçados pelo mel do amor. Pelo contrário, o amor basta-se, por si mesmo e em si mesmo é agradável, é para si mesmo o próprio mérito, é para si mesmo a própria recompensa.
O amor não procura fora de si a sua razão de ser e o seu fim. O fruto do amor é o amor; amo porque amo, amo para amar. Muito grande coisa é o amor! De todos os movimentos de alma, é o único pelo qual a criatura pode, por assim dizer, agir a par do Criador. Se Deus se irrita contra mim, acaso posso eu responder-lhe por ira semelhante? Se Ele me julga, acaso posso eu julgá-lo? Quando ordena, é preciso que eu obedeça e não tenho, por meu lado, nenhum direito de exigir dEle obediência.
Vede como tudo doutro modo se passa quando se trata do amor. Quando Deus ama, mais não quer que uma só coisa: ser amado; só ama para que O amem, sabendo que o amor tornará felizes todos os que O amarem.» (São Bernardo)
Em outubro de 2009 o papa Bento XVI dedicou-lhe uma catequese, alertando para o facto de se pretender «resolver as questões fundamentais sobre Deus, sobre o homem e sobre o mundo unicamente com as forças da razão».
«São Bernardo, ao contrário, solidamente fundado na Bíblia e nos Padres da Igreja, recorda-nos que sem uma fé profunda em Deus, alimentada pela oração e pela contemplação, por uma relação íntima com o Senhor, as nossas reflexões sobre os mistérios divinos correm o risco de se tornarem uma vã prática intelectual, e perdem a sua credibilidade. A teologia remete para a "ciência dos santos", para a sua intuição dos mistérios do Deus vivo, para a sua sabedoria, dom do Espírito Santo, que se tornam ponto de referência do pensamento teológico.
Juntamente com Bernardo de Claraval, também nós devemos reconhecer que o homem procura melhor e encontra mais facilmente Deus "com a oração do que com o debate". No final, a figura mais verdadeira do teólogo e de cada evangelizador permanece a do Apóstolo João, que apoiou a sua cabeça no coração do Mestre», disse.



http://o-povo.blogspot.pt/2012/08/20-de-agosto-s-bernardo-de-claraval.html

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