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Dia dos Namorados: sentimentos, olhares e afetos
Verdade, verdade é que os sentimentos são um atraso de vida.
Paralisam ou põem tudo em rodopio.
Estremecem.
Tiram de órbita.
Afundam e ressuscitam.
Fazem rodar as quatro estações.
Na mesma tarde.
Acreditam?
Verdade, verdade é que os sentimentos atrasam. Deixam o trabalho para depois.
Despistam.
Aproximam o pó das estrelas e distanciam o pó das sebentas.
Que fazer?
Suspiros. Olhares. Olhinhos.
A linguagem passa perigosamente ao estado diminutivo sempre que os sentimentos perigosamente se expandem.
O pior é que nem pela ironia se dá.
Mas a verdade, a grande verdade é que os sentimentos interessam.
Tornam-nos gente.
Ensinam-nos a ser.
Pedem de nós o que trazemos de único e de irrepetível.
E preparam-nos para querer, para desejar receber o mesmo.
Do outro. Da outra.
Um comércio puro, gratuito.
Tão diferente, tão distante
dos rotineiros comércios. (...)
FotoCaxemira
A qualidade do nosso estar, aqui ou noutro lado, as coisas que temos ou que gostamos mesmo de aprender, os outros com que vamos tecendo o quotidiano, o sentido mais profundo que buscamos emprestar à nossa vida
dão-nos estofo. Firmeza interior.
Capacidade de construir.
Não aconteça sermos nós
uns atrasos de vida que fazem emperrar
os essenciais sentimentos.

FotoCaxemira

FotoMauritânia

FotoItália

FotoÍndia

FotoCroácia

FotoTibete

FotoAlemanha

FotoItália

FotoFrança

FotoTailândia

FotoTailândia

FotoEUA

FotoMacedónia

FotoIémen

FotoÍndia

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FotoCambodja

FotoCaxemira

FotoUganda

FotoTurquia

FotoIémen

FotoAlemanha

FotoCuba

FotoTibete

FotoTurquia

FotoIrlanda

FotoAlemanha

FotoCuba

FotoItália

Texto: José Tolentino Mendonça
Fotografias: Steve McCurry
© SNPC | 13.02.12 

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