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25 | 04 | 2012   21.25H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@ucp.pt
Os jornais gostam de polémicas, sobretudo em assuntos fracturantes. Como se explica então que tenham ignorado uma clivagem grave num órgão influente sobre um tema da actualidade?O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida publicou a 26 de Março um Parecer sobre Procriação Medicamente Assistida e Gestação de Substituição (www.cnecv.pt), as chamadas «barrigas de aluguer». 
O texto inclui uma estranha «Nota» no final: «O Conselheiro Michel Renaud foi inicialmente designado como relator juntamente com o Presidente e o Conselheiro Jorge Reis Novais, tendo sido autor de um projeto de Parecer alternativo que colheu uma minoria dos votos.» A imprensa ignorou totalmente este relatório minoritário, que está no mesmo site e é assinado por alguns dos mais reputados membros do conselho: Michel Renaud, Ana Sofia Carvalho, Agostinho Almeida Santos, Francisco Carvalho Guerra, José Germano de Sousa, Maria do Céu Patrão Neves. 
A crítica de fundo, como explica o texto, é que «foi o interesse sempre prioritário e frequentemente exclusivo do casal beneficiário e não o interesse do nascituro que esteve na base da discussão do CNECV». Isto é grave para um Conselho que se diz ético. Tirando a Agência Ecclesia, que publicou um texto do Professor Daniel Serrão, outro eminente especialista em ética da vida, (www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=90445), houve silêncio geral. 
Porque razão a imprensa esqueceu esta polémica? Assim passou apenas a tese oficial que as «barrigas de aluguer» têm só problemas menores. Muito curioso.

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