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A beleza

Beauty begins in the moment you decide to be yourself.

Encontrei-me com esta frase na montra de uma loja. Cobria o vidro com palavras carregadas e servia de janela a um manequim. Estava despido. Não mostrava as grandes percentagens de desconto, os chapéus, brincos, colares, pulseiras, anéis, camisas, casacos, calças, sapatos, carteiras e os brilhantes do costume. Só a frase e o boneco despido, a branco. Entrei e deixei-me ficar.

"Vestimo-nos", muitas vezes, dos sonhos de outros, das atitudes de outros, dos medos de outros, dos desejos de outros, mas que nada dizem do que realmente somos, são como que uma pele que não nos pertence. Deixamo-nos sufocar em números largos e apertados, desajustados do que somos e seguimos a tendência do costume, do outro, dos outros, do aceite, do que esperam de nós. Vamos pelo brilho, quase sempre o brilho!

E é tão difícil despirmo-nos do brilho, do centro das atenções, do sucesso, do que sobressai da realidade, das imposições de outros, do medo de falhar, de tudo o que nos impede de sermos autênticos.

Aprender a "vestirmo-nos" do que somos é um diálogo permanente com Quem nos criou, é um processo de conhecimento, uma relação onde os outros e a realidade estão implicados, mas cada um na sua medida, uma medida que se ajusta sem sufocar, que situa e destaca, não pelo brilho, mas pela originalidade do Amor com que fomos e somos a cada dia criados.



Luísa Sobral 
03.10.2014

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