Avançar para o conteúdo principal
Conta-nos S. Marcos que Jesus se sentou diante da caixa das esmolas
a observar quem dava e quanto dava.
Os ricos davam muito e uma pobre viúva deu quase nada.
O que mais me comove é a maneira como Jesus relata aos discípulos o que viu:
a «… viúva, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha,
tudo o que possuía para viver»
Fizeram bem os mais ricos em dar avultadas quantias.
Mas a surpresa vem-nos da coragem da viúva,
só possível em quem confia plenamente na Misericórdia de Deus,
de «dar tudo o que tinha.»
E eu? Quanto teria dado?
Na melhor das hipóteses uma quantia razoável.
E o que é que Jesus esperava de mim?
Certamente o mesmo que a viúva deu.
Deus não me pede nada, mas espera tudo.
Deus não me cobra nada, mas porque me dá tudo,
não se contenta com menos do que tudo.
E eu que tanto Lhe peço e que tanto d’Ele tenho recebido,
nego-lhe este tudo, guardando sempre alguma coisa para mim.
Mas, ainda que desse tudo o que tenho, não daria tudo.
Dar tudo é dar a vida.
E «para que serve a vida, senão para ser dada?»

Rui Corrêa d’Oliveira

http://rr.sapo.pt/rubricas_detalhe.aspx?fid=70&did=84867

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Não é uma sugestão, é um mandamento

Nos Evangelhos Sinóticos, lemos muito sobre as pregações de Jesus a propósito do «maior mandamento». Não é a grande sugestão, o grande conselho, a grande linha diretiva, mas um mandamento. Primeiro, temos de amar a Deus com todo o coração e com toda a nossa força, sobre todas as coisas. Ao trabalhar com os pobres camponeses da América Central, que não sabiam ler nem escrever, a frase que eu sempre ouvia era: «Primero, Dios». Deus tem de ser o primeiro nas nossas vidas, depois, todas as nossas prioridades estão corretamente ordenadas. Não amaremos menos as pessoas, mas mais, por amar a Deus. A segunda parte do «maior mandamento» é amarmos o próximo como a nós mesmos. E Jesus ensina-nos, na parábola do Bom Samaritano, que o nosso próximo é esse estrangeiro, esse homem ferido, essa pessoa esquecida, aquele que sofre e, por isso, tem um direito acrescido sobre o meu amor. Jesus manda-nos amar os estranhos. Se só saudamos os nossos, não fazemos mais do que os pagãos e os não cr
Talvez eu seja O sonho de mim mesma. Criatura-ninguém Espelhismo de outra Tão em sigilo e extrema Tão sem medida Densa e clandestina Que a bem da vida A carne se fez sombra. Talvez eu seja tu mesmo Tua soberba e afronta. E o retrato De muitas inalcançáveis Coisas mortas. Talvez não seja. E ínfima, tangente Aspire indefinida Um infinito de sonhos E de vidas. HILDA HILST Cantares de perda e predileção, 1983

Oh Senhor

Ó Senhor, que difícil é falar quando choramos, quando a alma não tem força, quando não podemos ver a beleza que tu entregas em cada amanhecer. Ó Senhor, dá-me forças para poder encontrar-te e ver-te em cada gesto, em cada coisa desta terra que Tu desenhaste só para mim. Ó Senhor, sim, eu seu preciso da tua mão, do abraço deste amigo que não está. Dá-me luz, à minha alma tão cansada, que num sonho queria acordar. Ó Senhor, hoje quero entregar-te o meu canto com a música que sinto. Eu queria transmitir através destas palavras. Fico mais perto de ti.