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Solidão, de si, significa isolamento. E pode estar-se isolado sem experimentar a soledade. Soledade, sim, abarca o conjunto de sentimentos e vivências apontadas: o sem ninguém.(...)
A soledade escolhida ou aceite, transforma a solidão. A soledade pode ser positiva enquanto se desliga para se ligar de outro modo. Pode ser bem vivida. A soledade é, também, "soidade" (forma antiga)..., e daí virá nossa palavra "saudade". E a saudade é o ligado desligado. É por estar ligado, não-só, que se experimenta a saudade. Mas é como se a ligação nunca bastasse: estranha condição humana! Aliás, quando dizemos que a pessoa é naturalmente religiosa, estamos a dizer que o seu modo de ser é de se "re-ligar": vive pela "re-ligação", ou seja a "re-ligião" a outro.

O OLHAR E O VER,
À procura do lado construtivo da vida e do por dentro de todas as coisas.
Pe. Vasco Pinto de Magalhães, sj

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Não é uma sugestão, é um mandamento

Nos Evangelhos Sinóticos, lemos muito sobre as pregações de Jesus a propósito do «maior mandamento». Não é a grande sugestão, o grande conselho, a grande linha diretiva, mas um mandamento. Primeiro, temos de amar a Deus com todo o coração e com toda a nossa força, sobre todas as coisas. Ao trabalhar com os pobres camponeses da América Central, que não sabiam ler nem escrever, a frase que eu sempre ouvia era: «Primero, Dios». Deus tem de ser o primeiro nas nossas vidas, depois, todas as nossas prioridades estão corretamente ordenadas. Não amaremos menos as pessoas, mas mais, por amar a Deus. A segunda parte do «maior mandamento» é amarmos o próximo como a nós mesmos. E Jesus ensina-nos, na parábola do Bom Samaritano, que o nosso próximo é esse estrangeiro, esse homem ferido, essa pessoa esquecida, aquele que sofre e, por isso, tem um direito acrescido sobre o meu amor. Jesus manda-nos amar os estranhos. Se só saudamos os nossos, não fazemos mais do que os pagãos e os não cr
Talvez eu seja O sonho de mim mesma. Criatura-ninguém Espelhismo de outra Tão em sigilo e extrema Tão sem medida Densa e clandestina Que a bem da vida A carne se fez sombra. Talvez eu seja tu mesmo Tua soberba e afronta. E o retrato De muitas inalcançáveis Coisas mortas. Talvez não seja. E ínfima, tangente Aspire indefinida Um infinito de sonhos E de vidas. HILDA HILST Cantares de perda e predileção, 1983

Oh Senhor

Ó Senhor, que difícil é falar quando choramos, quando a alma não tem força, quando não podemos ver a beleza que tu entregas em cada amanhecer. Ó Senhor, dá-me forças para poder encontrar-te e ver-te em cada gesto, em cada coisa desta terra que Tu desenhaste só para mim. Ó Senhor, sim, eu seu preciso da tua mão, do abraço deste amigo que não está. Dá-me luz, à minha alma tão cansada, que num sonho queria acordar. Ó Senhor, hoje quero entregar-te o meu canto com a música que sinto. Eu queria transmitir através destas palavras. Fico mais perto de ti.