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Quando sentimos que as coisas ou as pessoas são vazias, não podemos pôr a culpa nelas: a culpa está em nós, que tentamos meter o coração onde ele não cabe; a culpa está em nós, que insistimos em pedir às coisas o que não podem dar; a culpa está em nós, que não aprendemos a lição. É próprio da vida deixar-nos sentir o vazio de tudo o que temos e fazemos – até o vazio das nossas relações - para que finalmente encontremos o grande vazio que existe em nós: a vida insistirá nisso até que encontremos a Deus no centro do nosso coração. E quando conhecermos esse vazio onde Deus habita então podemos voltar às coisas e ver que elas, afinal, não são vazias.


João Delicado, sj

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