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«Zaqueu poderá parecer a alguns um incorrigível individualista, um «marginal»; ali onde as outras pessoas se mostram imediatamente dispostas a alinhar em fileiras entusiásticas ou furiosas, ele procura instintivamente um esconderijo entre os ramos de uma figueira. Não o faz por orgulho, como poderia parecer; afinal, está bem ciente da sua «pequena estatura» e das suas grandes faltas, das suas lacunas em relação a postulados e desafios absolutos…
Há muitos Zaqueus entre nós. O destino do nosso mundo, da nossa Igreja e da sociedade depende – mais do que estamos dispostos a admitir –, até que ponto esses Zaqueus serão seduzidos ou não.
Eu gosto dos Zaqueus. Penso que recebi o dom de compreendê-los. As pessoas interpretam, com frequência, a distância que os Zaqueus mantêm como uma expressão da sua «superioridade», mas não me parece que tenham razão – as coisas não são assim tão simples. Tenho visto, pela minha experiência, que é antes consequência da sua timidez. Em certos casos, a razão para a sua aversão às multidões, de modo particular às que usam slogans e estandartes, é por suspeitarem que a verdade é demasiado frágil para ser cantada na rua». 


http://jlrodrigues.blogspot.pt/2013/02/os-zaqueus-dos-tempos-modernos.html

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