Avançar para o conteúdo principal

Este prin­cí­pio, de que há uma fonte de luz (de conhe­ci­mento, de sabe­do­ria, de Deus, do que qui­se­rem) exte­rior a nós, leva-nos a um dos pri­mei­ros prin­cí­pios da huma­ni­dade: o da con­cór­dia do ethos, que a todos ilu­mina por igual. Ao con­trá­rio do rela­ti­vismo moral, onde se parte do eu para um todo desar­mó­nico, neste parte-se de um todo har­mó­nico para o eu.
E só este prin­cí­pio nos con­duz, à segunda con­di­ção de huma­ni­dade (no sen­tido em que se opõe à ani­ma­li­dade): o da tole­rân­cia. Ape­nas sabendo que há, exte­ri­or­mente, uma fonte de luz que gra­vou algo em todos nós, mas da qual não sabe­mos ao certo o que é, onde se encon­tra ou pode encontrar-se, ape­nas assim é pos­sí­vel a tole­rân­cia e a uni­ver­sa­li­dade na rela­ção com o outro, Como se vivês­se­mos num cír­culo, cujo cen­tro des­co­nhe­cês­se­mos ou nos cegasse, obrigando-nos a reco­nhe­cer raci­o­nal­mente que o outro, mesmo estando na posi­ção oposta à nossa, pode estar mais perto desse cen­tro que é a verdade.
Isto, caro Manuel, não é sobre­tudo her­mé­tico nem meta­fí­sico. É, sobre­tudo, pro­fun­da­mente humano.
http://www.escreveretriste.com/2012/12/eu-podia-ser-da-religiao-dele/

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Não é uma sugestão, é um mandamento

Nos Evangelhos Sinóticos, lemos muito sobre as pregações de Jesus a propósito do «maior mandamento». Não é a grande sugestão, o grande conselho, a grande linha diretiva, mas um mandamento. Primeiro, temos de amar a Deus com todo o coração e com toda a nossa força, sobre todas as coisas. Ao trabalhar com os pobres camponeses da América Central, que não sabiam ler nem escrever, a frase que eu sempre ouvia era: «Primero, Dios». Deus tem de ser o primeiro nas nossas vidas, depois, todas as nossas prioridades estão corretamente ordenadas. Não amaremos menos as pessoas, mas mais, por amar a Deus. A segunda parte do «maior mandamento» é amarmos o próximo como a nós mesmos. E Jesus ensina-nos, na parábola do Bom Samaritano, que o nosso próximo é esse estrangeiro, esse homem ferido, essa pessoa esquecida, aquele que sofre e, por isso, tem um direito acrescido sobre o meu amor. Jesus manda-nos amar os estranhos. Se só saudamos os nossos, não fazemos mais do que os pagãos e os não cr
Talvez eu seja O sonho de mim mesma. Criatura-ninguém Espelhismo de outra Tão em sigilo e extrema Tão sem medida Densa e clandestina Que a bem da vida A carne se fez sombra. Talvez eu seja tu mesmo Tua soberba e afronta. E o retrato De muitas inalcançáveis Coisas mortas. Talvez não seja. E ínfima, tangente Aspire indefinida Um infinito de sonhos E de vidas. HILDA HILST Cantares de perda e predileção, 1983

Oh Senhor

Ó Senhor, que difícil é falar quando choramos, quando a alma não tem força, quando não podemos ver a beleza que tu entregas em cada amanhecer. Ó Senhor, dá-me forças para poder encontrar-te e ver-te em cada gesto, em cada coisa desta terra que Tu desenhaste só para mim. Ó Senhor, sim, eu seu preciso da tua mão, do abraço deste amigo que não está. Dá-me luz, à minha alma tão cansada, que num sonho queria acordar. Ó Senhor, hoje quero entregar-te o meu canto com a música que sinto. Eu queria transmitir através destas palavras. Fico mais perto de ti.